sábado, 22 de dezembro de 2007

Correspondência


Esse mundo, a cada dia, parece mais estranho. Ao mesmo tempo em que estamos na era da globalização, a comunicação entre todos parece não existir direito. Cada vez mais vazia e insuficiente. O mundo ao invés de parecer mais unido e mais global, parece só. As pessoas começaram a viver em seu mundo interior, vivenciando sozinhos, todos os dias a sua própria dor.
Onde eu me encaixo nessa história?
A cada dia eu pareço mais perdida em relação a isso.
Eu já fiquei durante um longo tempo presa em meu mundo interior, mas isso acabou.
E agora que estou tentando ser livre, tudo conspira para eu voltar a viver assim.
Por que será?
Talvez muitas pessoas ainda não tenham se libertado, e talvez muitos continuem presos em sua própria dor. Remoem e remoem a cada dia tudo o que sentem.
Onde está a liberdade? Onde se encontra a vida?
Não sei porque continuo tentando ser assim, talvez algo me impulsione a isso.
Eu só queria respirar e sair um pouco desse sufoco que é viver.
Eu só queria paz.
E isso é tão difícil e tão doloroso, que às vezes eu não sei mais o que fazer.
A cada dia eu vejo minha vida desmoronando céu abaixo.
Por mais que apareça algo de bom, isso se esvai da mesma forma que surge.
Por que somos tão complicados?
Acho que esperamos que o mundo nos compreenda e aceite como nós somos.
Mas esquecemos que constantemente não estamos dispostos a aceitar os outros.
Somos egoístas.
Por que não tiramos essa armadura e saímos do nosso castelo?
Por que não jogamos nossa dor abaixo?
Eu entendo como isso é difícil, mas temos que tentar.
Eu entendo que não é de uma hora para outra que tudo muda, mas senão agora quando será?
Mesmo fora de nossas fortalezas é difícil respirar, mas pelo menos somos livres.
Livres para acreditar no amanhã.
Livres para ter Fé.
Não adianta continuarmos em nossos mundos interiores, dessa forma não aprenderemos a lidar com o exterior.
Não adianta machucarmos o próximo, para assim fazer com que ele sinta a nossa dor.
Por que não somos sinceros?
Por que não nos damos a liberdade de viver sem mágoa?
Talvez eu pense assim, pois passei por mágoas muito grandes.
E talvez por isso eu insista em afirmar que ter mágoa não é o caminho da cura.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Intensamente


Quantas coisas acontecem de um dia para o outro. Nossa vida muda e passa por uma constante transformação. Faz muito tempo que eu não escrevo. Eu não consigo ter a mesma inspiração de antes, pois escrevia sobre o meu sentimento atual. E no momento existem muitos sentimentos para especificar em um simples texto.
Muita coisa mudou para mim esse ano, e principalmente nesses últimos meses. Brigas, decepções, mentiras, separação, morte, doença e tristeza fizeram parte desse inacabável ano. E todos os dias quando acordo eu me pergunto quando ele vai acabar. Foram muitas informações contínuas, não deu tempo de canalizá-las. Não deu tempo de viver.
Mas o que seria viver? Sofrer para assim aprender com as experiências? Vivemos quando somos felizes? Não sei. Esse foi com certeza o pior ano da minha vida, mas eu não o desconsidero. Eu aprendi a lidar com dezenas de problemas ao mesmo tempo. Aprendi que eu posso ajudar os outros mesmo com mil coisas na cabeça. Aprendi que eu sou forte, tão forte que em um ano inteiro de dor em nenhum momento eu desisti de lutar. Aprendi a levantar da cama todos os dias com um sorriso na cara. Sinceramente não sei como eu consegui fazer tudo isso. Acredito que nós só descobrimos nossa capacidade de superação quando passamos por muitas coisas traumatizantes.
Esse ano valeu por dez no mínimo, sem exageros. Existe muita coisa que eu ainda não consegui lidar, mas com o tempo tudo ficará mais claro. Ah, como eu queria que o tempo passasse voando. Queria dormir durante meses para quando eu acordar já está tudo resolvido, mas sei que não é assim. Não dá para fingir que não tem nada acontecendo. Eu estaria sendo alienada.
Durante o ano eu pensei em muitas frases, e elas me ajudaram muito.
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a superar obstáculos.”
“A dor é inevitável o sofrimento é opcional.”
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz...... ”
A cada segundo devemos dar valor as nossas vidas, por mais que no momento elas estejam péssimas. De uma hora para outra tudo isso pode acabar. De todas as coisas que eu passei esse ano, sem dúvida a pior foi a morte do meu irmão. Eu sempre lidei com a morte de uma maneira muito fria, mas no momento em que eu o vi dentro de um caixão tudo mudou. Meu mundo desabou, foi uma dor inexplicável e imensurável. Nesse instante eu percebi como realmente somos efêmeros. O importante é o hoje e não o amanhã, se você fizer o seu dia da melhor maneira possível com certeza isso irá refletir no seu amanhã, e assim nada irá ter sido em vão. Tenho medo que minha vida passe e eu não faça nada. Não quero viver pensando particularmente no meu trabalho e nem nos meus problemas. Quero deixar algo, alguma mensagem ou ensinamento. Por isso tento fazer de todos os meus dias únicos e últimos, por mais que o mundo possa estar desabando na minha cabeça. A melhor coisa é seguir em frente, nada de depressões, fuga e lamentações. Pois, isso nunca irá lhe acrescentar nada. Só irá perder seu precioso tempo, o de viver.
Viver intensamente e amar intensamente pode parecer clichê, já que todo mundo diz isso. Mas na realidade isso é a pura verdade. Só que nós não enxergamos o significado da palavra intensamente e assim continuamos vivendo por viver.
Não sei se deu para entender tudo o que eu escrevi, pois como estou muito confusa não estou organizando metodicamente minhas palavras como antes. A mensagem que eu deixo não é de desabafo, é de FÉ. Foi a única coisa que eu não perdi esse ano. Eu não comecei a ter fé só porque estou passando por problemas, ela já existia há muito tempo na minha vida.
A diferença de hoje para alguns anos atrás, é que eu não sabia a intensidade dela dentro de mim. E descobri que é enorme, muito maior do que tudo o que eu citei. É por causa dela que levanto todos os dias as seis horas da manhã. É por causa dela que eu estou viva e não depressiva. E é por ela que eu pretendo continuar vivendo.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Poeta




"A vida do poeta tem um ritmo diferente
É um contínuo de dor angustiante.
O poeta é o destinado do sofrimento
Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza
E a sua alma é uma parcela do infinito distante
O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.


Ele é o eterno errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso pelos extremos intangíveis
Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
O poeta tem o coração claro das aves
E a sensibilidade das crianças.
O poeta chora.
Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes
Olhando o espaço imenso da sua alma.
O poeta sorri.
Sorri à vida e à beleza e à amizade
Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam.
O poeta é bom.
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras
Sua alma as compreende na luz e na lama
Ele é cheio de amor para as coisas da vida
E é cheio de respeito para as coisas da morte.
O poeta não teme a morte.
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa
E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
A sua poesia é a razão da sua existência
Ela o faz puro e grande e nobre
E o consola da dor e o consola da angústia.


A vida do poeta tem um ritmo diferente
Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis".



Vinícius de Moraes

sábado, 6 de outubro de 2007

O tempo de aceitar


O passado age de uma forma misteriosa e marcante em nossas vidas. Nos faz lembrar cada detalhe de uma época remota em que não éramos os de hoje. Todas as lembranças antigas nos fazem ter medo e insegurança do Amanhã. Não nos sentimos preparados completamente para enfrentar o futuro dia, estamos presos em nossas próprias reminiscências. Estamos presos a algo morto. O Hoje é a morte do Amanhã. Devemos olhar para trás de uma maneira realista e não amargurada ou saudosa. O que somos agora é o reflexo do ontem. E o que seremos amanhã vai depender de como relacionarmos estas três etapas eternas: o ontem, o hoje e o amanhã. Para usufruirmos bem de nossas experiências passadas, temos que aceitar. Não digo esquecer e sim aceitar. A aceitação é o caminho para a evolução. O passado tem que ser aceito para que assim os sofrimentos, saudosismos e lembranças ganhem um novo aspecto.
Dessa forma, o sofrimento se transformará em aprendizado; o saudosismo, em força; e as lembranças, em efemeridade. Quando tudo já tiver sido aceito, o que é muito difícil mas não impossível, temos que viver o Hoje. Ele é mais fácil que o ontem, mas mesmo assim vem carregado de certos problemas. Viver no hoje é sentir, é enxergar. Os olhos aos poucos se abrem e os sentidos viram realmente sentidos e não mais aspirações. Com o despertar, as milhares de máscaras que você enxergava caem aos seus pés. É a realidade. É o viver no Hoje. Nada de desejos ou frustrações. Apenas a realidade que se desnuda a cada piscar de olhos.
E o passado já não importa mais, pois são várias novas informações para se processar no determinado instante. O tempo passa. Você ainda está no Hoje: não conseguiu se acostumar. Não se preocupe isso demorará. É necessário passar por diversas decepções com a realidade para que se possa conviver com ela, e assim ir para o Futuro.
O mais fácil é o Amanhã. Simples, pois dele você nada lembrará e nem enxergará já que ele não existe. Tantos sonhos e planos, quantas coisas o Ser Humano monta para o amanhã. E a única coisa que ele te dá é a esperança. É o que te impulsiona para a frente. É a força e a luta. É o sentido para viver. Devemos procurar a cada instante um sentido, pois no momento em que ele é alcançado, deixa de existir. Só com consciência tudo isso se realizará, pois quem constrói nossos caminhos e cria nossos sentidos é o nosso Eu. E somente com isso viveremos e não apenas passaremos por essa existência.

sábado, 29 de setembro de 2007

Vergonha politizada


Tenho escutado muito uma palavra, mas ainda não sei seu significado.
Todos a comentam em bares, escolas e jornais.
Sempre é citada junto a roubos, hipocrisia e nacionalismo.
Sempre é colocada como a decadência e a salvação.
Toda essa controvérsia ofusca seu real significado.
O qual eu ainda não consegui entender.
Confusa com tudo isso, busquei no dicionário a solução.
Nele continha maneira hábil de agir e ciência do governo dos povos.
Minha indagação interna só aumentou.
Como essas duas coisas podem estar relacionadas a uma só?
A maneira hábil de agir seria a inteligência.
E o governo representaria o poder.
Mas me pergunto que Poder Inteligente é esse?
Assisto a televisão, leio os jornais e escuto as opiniões alheias.
Assim começo a entender como essa palavra funciona.
Já que ela tenta manipular meu cérebro e me deixa em estado de alienação.
Compreendo agora as conversas e as notícias.
Compreendo o que é política.
Um jogo mental, que manipula meus pensamentos e meus atos.
Ah se os gregos soubessem o que a Politéia deles se tornou.
Estariam profundamente “envergonhados”.
Mas a vergonha é uma coisa antiga.
Que há muito tempo foi esquecida.
Quando Cabral chegou e índios nus avistou.
Numa Terra chamada Brasil.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Cio da terra


"Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão"


Pena Branca e Xavantinho

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sinceridade


Queria poder te dizer
Queria poder te contar
Tudo o que se encontra aqui dentro
Mas você não sabe lidar com a sinceridade

Você se esconde sob as facetas humanas
E o mundo o encobre
Porque o planeta não sonha
Ele apenas aspira

Quanta inocência contém a sinceridade
E quanto medo se vê nos olhares humanos
Medo de pensar
Medo de amar

É muito mais fácil deixar a vida passar
Do que construir consciente cada dia seu
É muito mais fácil fingir
E está cada vez mais difícil de eu acreditar

Esses anos fizeram-me não ter medo de mim
E percebo quanto medo ainda há em se descobrir
Medo de tentar
Medo de conhecer

Minhas angústias se foram
Hoje elas reaparecem quando sou sincera
Você não está preparado para ver
E eu não consigo fingir

Meu consciente irá esquecer,
Pois tudo isso vai passar.
O que sobrará são as máscaras do mundo
As quais hoje eu resolvi arrancar

domingo, 9 de setembro de 2007

Quem somos nós?


Nesse nosso mundo
Vivemos á paisana da realidade
Coexistimos em nossa própria ilusão
Nessa vida interna de quatro paredes
Apenas consumimos
É o exaurir de nossa existência
Somos mais um
E não vários
Não somos um todo
Somos partes
Nossos olhos não enxergam
Estão perdidos em sua utopia interior
Eles não vêem seres
Só humanos
É o planeta que entrevê somente a si
E esquece do universo
Pensaram os psicólogos
Que assim talvez o ser humano
Conheceria melhor o seu âmago
Que grande engano esse
Já que nunca fomos humanos
Somos então a alienação em matéria
E quase o ápice do primitivismo
Somos reais sem ao menos existirmos
Somos o grão da vida e o verme da morte
Somos imortais sem sermos deuses
Quem somos então?

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Mísera prova de uma Nação

Neste último domingo, dia 26, foi realizado no Brasil o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, que tem por objetivo medir os conhecimentos gerais dos alunos e contribuir para o aumento de suas notas nas provas das instituições de ensino superior.
Enfim, exame que prova como o país ainda possui uma educação deficitária.
Essa prova foi considerada a mais fácil de todos os anos. Após saber deste acontecimento fiquei feliz e ao mesmo tempo preocupada.
Feliz por ter feito uma prova fácil no ano em que faço vestibular e preocupada por ter sido tão fácil. O que está acontecendo com este País?
A saúde resolveu se rebelar agora depois de anos sem receber bons salários e trabalhando em condições drásticas. Depois de dois anos o julgamento do “mensalão” começa (francamente sabemos que isso não vai dar em nada). O caos aéreo continua...
Surge o movimento Cansei de caráter ainda indefinido, é a burguesia que começa a mostrar a face. Finalmente a educação demonstra que está pior do que antes.
Segundo o PISA, prova que avalia o conhecimento dos estudantes de diversos países, os brasileiros tiveram um resultado horrível, pois dos 41 países que concorreram o Brasil ficou em 37º lugar. Tudo isso comprova que vão ser precisos esforços infindáveis para mudar essa cruel realidade.
O País é um dos piores em matemática no mundo inteiro, considerando os países subdesenvolvidos industrializados e os desenvolvidos. Esse fato foi comprovado com essa última avaliação do ENEM, já que as questões de matemática praticamente não existiram. O governo e o ministério da educação pelo visto estão tentando ocultar o déficit da educação. Foram 63 questões, as de matemática corresponderam 12% da prova, ou seja, 8 questões. Não pensem que esse número é significativo em vista das outras tantas matérias que existem. Todas as oito questões precisavam apenas saber somar, subtrair, multiplicar e dividir. Um aluno que faz essa prova tem em média no mínimo 16 anos, ou seja, está no segundo ano. No ensino médio a pessoa deveria saber muito mais do que simples operações, mas mesmo assim a escola pública não consegue ensinar ao menos o básico. A culpa não é da escola, não é do governo (em partes), não é exclusivamente minha e nem sua. A culpa é da sociedade. A culpa é dessa desigualdade e desse egoísmo. Somos um país uno. Mas frequentemente esquecemos disso.

Onde estão os governantes preocupados em realmente mudar a educação?
Onde está a população? Não a vejo nas ruas...
Onde eu estou?

Será que estou nessa minha mísera e mesquinha felicidade por ter feito uma prova maravilhosa já que ela foi fácil?
Onde estão meus princípios e meus ideais?
Deparo-me com a própria alienação que um vestibular causa. A necessidade de ganhar alguns décimos me deixou por alguns segundos egoísta.
Fico sem palavras...

Mas no meu âmago ressurge minha força de ser contra tudo isso.
Contra essa desprezível ignorância.
Não ficarei mais feliz com uma simples prova, pois enquanto sorrio a pobreza assola lá fora. Enquanto penso em minha nota, milhares de estudantes se preocupam em como vão passar no vestibular estudando em escolas públicas. Infelizmente o Brasil não é o mesmo do passado.
Esqueci a felicidade.

Lembrei da desigualdade que continua prevalecendo em um simples teste. Que tristeza e que mazela contém a sociedade. Não vou mais me perguntar quanto tempo isso durará, os questionamentos não devem ser feitos para mim mesma.
As perguntas precisam ser gritadas pelas ruas, para que só assim o mundo resolva digerir tudo isso que já está em mim engasgado. Almejo não escrever mais sobre isso, mas percebo quantas palavras ainda terei de citar.

Onde se encontra a educação?
Está em um ideal e um povo. Está no direito de todos.

sábado, 25 de agosto de 2007

Céu e mar




Talvez a vida seja um mar
De rosas coloridas
Que brotam a cada estação
Para alguns
Um mar de lágrimas secas
Sem cor, sem amor
E só decepção.
Outros preferem
Um mar de chocolate
Para assim nadar e desfrutar
Daquela rápida sensação
Mas eu prefiro
Um mar de céu
Que me transporta para as nuvens
Sem eu sequer
Tirar os pés do chão
Nele existem estrelas,
Girassóis, livros e músicas.
Que com o tempo se deterioram
Restando apenas
O conhecimento em minhas mãos
E sobre esse mar
Eu me transporto
Para o verdadeiro céu
O céu infinito do meu coração
Deixando para trás
As antigas feridas
Que hoje jazem no chão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Ensaios pessoais





Qual é o propósito humano?
Existir e depois desaparecer?

Ainda não encontrei respostas à altura dessas perguntas.
Ainda não me encontrei.
Eu não me vejo em fotos, televisões e paisagens. Não me encontro aqui.
Sinto minha existência atual como o vento: transparente, efêmero e vazio.
Vento esse que carrega tudo e parece não levar nada
Quase duas décadas de vida.
Quase duas décadas...
Que parecem apenas alguns dias.
Não acredito que minha vida seja completamente vazia, pelo contrário ela é muito cheia...
Mas esse conteúdo é muito transcendente para estar preso a essa matéria.
Estou pairando no ápice da consciência e acho que isso me confunde, pois tudo é o próprio porque e a própria razão.
Minhas maiores indagações são sobre eu mesma, o mundo exterior já perdeu a graça, o racionalismo tomou conta.
Estou vivendo na era das luzes...
Mas ela já acabou.
Assim como meu racionalismo um dia também acabará.
Isso me lembra Rousseau e sua brilhante forma de ver o mundo.
Talvez sua teoria explique minha tristeza...
Vivemos na sociedade Voltaireana, por isso os pobres estão sendo esquecidos.
Não existe lugar para eles nesse “capitalismo” decadente, mas existe um lugar para eles dentro de mim.
Esse é um dos meus únicos sentidos de vida.
Ajudar, Lutar e Igualar esse mundo.
E é isso que me dá alguma motivação, se não fosse por esse sentimento eu faria filosofia e viveria na transcendência das letras e idéias até o fechar dos olhos.
Mas já abdiquei dos meus prazeres há muito tempo, no momento em que me inscrevi em direito.
Minha vida não será Nietzsche e nem Sócrates, ela será algo maior, algo parecido com África.
Talvez eu queira ir morar lá porque algum propósito maior me move, ou porque eu queira morrer cedo, ou talvez porque a esperança me inunda.
Demorarei um bom tempo para descobrir tais respostas.
Tudo é uma controvérsia...
Como posso viver no realismo e ser levada pelo coração?
Já que minha vida não será Sócrates posso ao menos utilizar sua filosofia.
“Só sei que nada sei.”
E assim será...
Até o próximo segundo pelo menos.
Já os outros... Ah os outros...
Só o tempo dirá.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Brilho do infinito




No raiar do amanhecer
Velas começam a acender
E assim seguem rumo ao céu
Onde sua luz se dissipa

Confundindo-se com a esfera solar
Brilhos de velas entoam no ar
Nesse caminho de luz
Uma porta é aberta ao fundo e reluz

O que existirá atrás dela?

Corro pelo caminho iluminado
Tentando alcançá-la
Nesse ápice de luz minha cor,
Minhas formas, minha matéria, tudo se reduz.

O que sou? O que serei? Nada sei.

A aurora me guia
Junto aquela porta
Que há tanto tempo
Espera a minha volta

Abro-a, e enxergo além do mundo,
Enxergo além de tudo.
É o infinito
O Infinito do meu ser

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Rosa de Hiroshima


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada "
Vinícius de Moraes

-

62 anos se passaram, o mundo mudou e inovou.
Mesmo com toda essa mudança vemos todos os dias
várias rosas sendo planejadas.
Assistimos a vida sendo mais uma vez desperdiçada.
E o que faremos?
Que tal começarmos cultivando o amor pelo próximo
esquecendo das dores e mágoas?

Que tal plantarmos rosas?

Rosas do amor e da eternidade...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Avenida



Pára tempo
O tempo pára
Anda o carro
Anda o tempo
A vida corre
A vida voa
Sopra o vento
E tudo pára
Caminha o homem
E esquece o tempo

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Fim


Onde tudo era perfeito
O vento chega e desmorona
No olhar guardado
Surge a mágoa da ignorância
Esse sentimento bonito
Vai se destruindo
Levando meus pensamentos
Levando minhas dúvidas

É a lavagem da minha alma
Que tem início
O passado que antes agonizava
Agora se desfaz
Jaz enfim

Meu museu falece
Meu presente edifica
Futuro?
O ápice do meu desejo e das minhas conquistas

Quero viver e esquecer do que vivi
Andar com pés firmes
Sonhar e realizar
Sorrir e finalmente dormir

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Amor


Andei a pensar nesses últimos dias, o que seria necessariamente o amor. Vemos hoje em todos os canais de notícias, livros etc. Pessoas buscando algo, como se fosse um vazio dentro de si que precisa ser preenchido, e acabam assim buscando de maneira errônea.
Por que o que é de verdade amar?

Será que é estar perto quando o outro precisa?
Ou melhor, fazer o que a outra pessoa queira ou apenas sentir ciúme?

Engana-se completamente quem pensa assim. Amor não tem absolutamente nada a ver com isso.
Esses sentimentos de posse e apego exagerado não existem dentro do universo do amor.
Há pouco tempo li um artigo sobre a visão de Platão sobre o amor e outros filósofos em seu livro O banquete, e refleti sobre isso. No livro fala que amar é colocado de uma única forma, mas que você tem que passar por vários degraus para consegui alcançar essa máxima. A beleza é usada de um outro ângulo nisso, já que o amor verdadeiro ele não vem com a beleza, ele pode começar com ela a partir de uma atração física, mas com o passar do tempo ele se abstrai, ou seja, isso se torna banal em comparação com outras qualidades que acabam sendo percebidas com o despertar da consciência. Então quando Platão se refere ao amor ele fala do amor genuíno sem egoísmo.
Você não ama alguém para completar, e sim para adicionar.


Nesse mundo o amor é quase imperceptível.

O amor está no coração puro, o amor está em quem sabe o que é verdadeiramente amar.
Ilusão é o que a maioria das pessoas tem, o ser humano tem a necessidade de estar com alguém para assim a solidão que existe dentro do seu ser se completar.
Desde os tempos mais remotos o amor configura-se como algo intransponível que poucos o conseguem alcançar.
Será que realmente é tão difícil?
Que barreiras são essas que não nos deixam alcançá-lo?

São os obstáculos do nosso próprio pensamento e do nosso sentimento ainda pouco desenvolvido.
Plantemos amor afim de que com um bom tempo possamos usufruí-lo dando evasão a aquilo que preenche nossa alma desde o momento em que abrimos os olhos.
Não percamos a esperança e nem a fé.
Pensemos e acreditemos que o Amor é construído minuciosamente em cada pessoa, cada um tem seu momento de libertação.
Um dia todos nós chegaremos a isso, o tempo que demorará dependerá de cada um e assim colheremos o júbilo de existir.
O começo está em enxergar a si próprio como alguém que precisa evoluir a cada segundo, olhar o mundo e as pessoas com os olhos do coração.
Caminhemos para um mundo de paz, igualdade, justiça e fraternidade.
E no final dessa estrada remota perceberemos que o amor o qual Platão se referia, sempre esteve conosco, o que faltava era chegar ao último degrau, o do amor irradiar nossas vidas e o mundo por completo que seria a razão da existência, o verdadeiro sentido de amar.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Esfera terrestre


Ah esse mundo!
Essa esfera distorcida que teme a girar.
Que nela tudo cabe tudo existe
E nada se completa e tudo se desfaz

Nesse planeta terra
Nossas vidas são apenas algumas entre tantas
Dessas que vemos todos os dias
Aquelas que um dia se apagarão

Pensamentos e desejos reinam
Transitam em meu quarto e se espalham
Invadem casas e se esvaem
De mim e do meu coração

Meu mundo se esvoaça
Foge pela janela
Liberta-se das grades
Da ilusão

Ele está em todos e em ninguém
É o princípio do futuro
Já escuto a canção de outras esferas
Soam tônicas e tudo fica mudo

E percebo que o infinito vem depois da razão
Assim como da vida nasce a ilusão
E a terra continua girando
Sem filosofar ou ter inspiração
Poucos sabem que dentro dela existe o segredo da união

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sem sentir

Não sei falar
As palavras não saem
Ficam engasgadas em minha garganta

Não sei andar
Meus pés não se movem
Ficam estáticos no chão

Não sei escutar
Meus ouvidos não ouvem
Ficam moucos em meu corpo

Não sei enxergar
Meus olhos não observam
Ficam cegos em minha face

Não sei tocar
Minhas mãos não apalpam
Ficam apáticas em meus braços

Não sei nada
Quando meus sentidos não reconhecem o mundo
E se desfazem de tudo pela razão
Que é apenas um devaneio
Uma ilusão

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Amor Incógnito

Ah esse sentimento que floresce em minha alma.
É a mais sublime obra que o mundo já viu.
De meu olhar ele transparece a você e a todos
É a sede de viver que transborda do meu corpo e se esvai pelo infinito.
Meu coração é muito pequeno para nele preencher tudo isso o que eu sinto.
Minhas palavras são insuficientes, não se completam.
Ah como eu queria que você tocasse em minha mão.
Ah como eu queria que o universo sentisse o que eu sinto.
E assim as flores jamais murchariam e o amanhecer seria eterno.
Alcançaríamos à eternidade em um simples gesto
Mas nunca chegaríamos ao todo apenas com isso
Precisaríamos de mais girassóis em nosso jardim
E mais fé em nossas vidas
Então me deixo levar pelo tempo, para um dia quem sabe
Caminhar com você por jardins de girassóis
Não sei se assim farei o mundo sentir o que eu sinto
Mas ao longo dessa minha jornada, descobri uma forma de viver e uma maneira de aprender.
Conheci um sentido, que por muito tempo esteve esquecido dentro de mim.
Descobri o Amor
Que hoje inunda minha vida e transcende minha alma
E é isso que eu enxergo na imagem refletida do meu olhar
Aprendi o que é Amar.

-

Falar de amor é criar consciência da vida.
Sentir o amor é ter um sentido para viver.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Contemplação

Contemplo esse mundo e me perco
O que é real?
A vida e as formas são reais?
E as relações são reais?

Não sei, não sei.
A única coisa da qual eu tenho certeza é que eu sou real
E é mais real ainda o que existe dentro de mim
Meu corpo, olhos e cabelos não importam.
Tudo isso se esvai com o tempo
O que sobra é meu sentimento.

Nesse planeta de cores e formas
Sinto-me dispersa.
Procuro-me em rostos e não me encontro.
Então tento me satisfazer com a matéria.
Ah que engano! Ela não preenche nem um pouco
O vazio do meu ser.

O amor e o ódio são reais?
O amor sim, é ele o único capaz de preencher o vácuo de cada ser.
Enquanto ao ódio, acredito piamente que não.
O mundo é envolvido por ele
O mundo o teme.
E ele se resume á apenas uma palavra
Ilusão

Superficial e passageiro ele o é.
Preenche o impreenchível
Destrói o indestrutível
E engana a ti próprio.
Ele é a mera ilusão da tua vida
Quando deixas-te tomar pelas dores do primitivismo
E esqueces da união.

O mundo só vai ser mundo
O dia que perceber que nada disso existe
Que o mundo é apenas reflexo de nossos olhos
Que enxergam o que está presente dentro de nós mesmos
Ele é ti e nada mais.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Janelas da minha infância



Tenho saudade da minha infância, quando corria pelo colégio fugindo da aula e me escondia embaixo da pontezinha verde.
Tenho saudade daquela velha época que meu sorriso tinha duas janelinhas e eu nem tinha vergonha disso. Eram as janelas da época mais linda da minha vida.
Até hoje sinto o cheiro do jambo que recheava as tantas árvores que lá continham, e quando escuto os pássaros cantando me vejo na frente de uma gaiola assobiando para que eles chegassem perto de mim.
Lembro que eu adorava a casinha da árvore, gostava de ver o colégio de cima, o achava enorme, e hoje dou risada quando percebo que ele cabe na palma da minha mão.
Eu gostava de batom e pulseira, tinha um cabelo curtinho com franjinha.
E hoje quando me olho no espelho ás vezes me pergunto quem é essa, acho que aquela menina pequenina ainda se encontra em algum lugar dentro de mim.
Olho minha face e meu corpo, lembro das quedas que me deixaram marcas no joelho até hoje, mas mesmo assim não me reconheço. Da menina que apelidavam de Olívia Palito sobrou a doçura no jeito, o sorriso sem janelas e o amor.
Nunca me esquecerei daqueles anos que assistia desenho e fugia das aulas.
Mas, além disso, de como eu era feliz tendo tão pouco.
A menina cresceu, e às vezes até me assusto como isso foi tão rápido.
Tenho Saudades.
Então, fecho os olhos tentando lembrar cada detalhe e assim volto há uma década atrás.

Na época das janelas da minha infância, do som dos pássaros e do cheiro do jambo, coisas que jamais serão esquecidas.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Uma canção



Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
Ás vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você

É mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar


-
Ana Carolina - Pra rua me levar

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ser



Pela eternidade vou correndo, lendo e relendo minha própria vida.
Sobrevôo anos, décadas e séculos.
Apareço e desapareço.
Para alguns por um longo tempo e para outros por curtos anos que parecem segundos.
Assim descrevo minha jornada, tentando escrever meu próximo passo.
Quero rir, sorrir e abraçar
Desfrutar a alegria de existir.
Contemplo você, causa e existência do meu ser.
Quero saber e descobrir o porque de estar aqui.
Neste lugar que construo meu espírito, transparece todo meu mundo, meu íntimo lugar.
Minhas memórias e meu destino caminham lado a lado.
Talvez elas sejam as respostas de tua real existência.
Elas, quem sabe, possam mostrar-me tua essência.
Que não é tão efêmera como as flores deste imenso jardim, mas que brota toda vez que o amor aparece enfim.
Ainda não sabes quem sou?
Vives comigo e morarás eternamente comigo.
És meu estado de plenitude e meu melhor amigo.
A consciência nos une por uma música sublime.
Meu Eu, és amado, trato-te como outro,
Mas não me entenda mal, apenas estou querendo entender-te.
Por isso resolvi te dar as mãos para caminhares comigo pelo tempo.
Cantando a nossa música, contando a nossa história.
A história do ser.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Mundo meu


Nesse mundo de aparências tento entender-me.
Não sei o que acontece...
Acredito que vivo em um mundo próprio, onde a maldade e o egoísmo nunca fizeram parte.
Vivo num mundo meu, vendo coisas que só existem em minha cabeça.
E assim acabo acreditando que todos são bons.
Mas será que realmente são?
Conheço pessoas (penso acreditar que conheço) que na realidade na hora que mais preciso somem, desaparecem da mesma forma que entraram em minha vida.
Ou também pessoas que antes eram maravilhosas, mas que hoje fingem que nem me conhecem.
Tento entender isso, mas sinto que acaba sempre faltando uma peça para encaixar nesse quebra-cabeça das relações.
Gostaria ás vezes que esse mundo do Eu existisse de verdade, que nele a amizade fosse real, que o amor fosse a união em busca de algo maior e que a fé nunca deixasse nossos corações.
Com isso vou levando minha vida a cada dia, sempre tentando descobrir o que falta, e assim acabo esquecendo o que já tenho.
As decepções assolam meu coração por alguns momentos, que demoram a passar.
Fecho os olhos e enxergo o mundo com minha alma e não mais com meu sentido.
Nesse exato momento descubro que nunca estive só, que decepções vão acontecer sempre em minha vida, que não sou ninguém para julgar alguma pessoa, que o mundo não depende apenas de mim, que não posso querer compreensão sempre e que na natureza deste mundo tudo é belo.
A beleza das coisas não se encontra em sentir com o corpo que vive cheio de todos os sentimentos, mas sim em sentir com a alma.
Acabo sentindo-me velha.
Talvez realmente eu seja velha demais para esse pequeno corpo.
Meus motivos jazem em meu pensamento.
Continuo caminhando nessa velhice, vivendo na minha própria matrix que hoje se encontra além do meu corpo e do meu coração.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tempo




A maioria de nós não percebemos o quão valioso é o tempo que deixamos passar, e quão valiosas eram as oportunidades que continham nele. Esquecemos o que é aproveitar o tempo e acabamos passando por ele despercebidos, achando que era só mais um dia.

Quantas coisas poderíamos ter feito se utilizássemos melhor o nosso tempo. Quem sabe hoje poderia ser tudo diferente. Acabamos passando pelo tempo como uma poeira no vento, apenas sendo carregados sem saber seu rumo. Olhamos para o relógio diversas vezes ao dia, pedindo que passem mais depressa as suas horas, a fim de que nosso descanso chegue mais rápido, mas ao mesmo tempo, em alguns momentos, queremos que o tempo pare, a fim de aproveitá-lo o máximo possível e assim geramos uma desarmonia em nossa vida. Coragem é o que nos falta para enfrentarmos cada minuto.

Queremos descanso, mas não sabemos lutar por ele.

Lutemos, então.

Acreditemos neste minuto, neste instante. Para que assim nossa vida melhore e a humanidade caminhe junto nessa jornada, na viagem do homem pelo tempo de mãos dadas com a paciência.

domingo, 15 de abril de 2007

Um mundo de preconceito


Fecho os olhos para não ver aquilo que me destrói por dentro. Tapo os ouvidos para não escutar essas notícias que gritam em meu interior.
E me questiono por quanto tempo mais o mundo vai ser preconceituoso. Quantos séculos se levarão até as pessoas aprenderem que não é a cor que as separa e sim a indiferença de seus corações.
Continuo em minha conversa íntima, tentando me lembrar de quantas vezes já vi essa cena ocorrer e de quantas pessoas vi sofrer.
E de repente uma velha pergunta vem a mim: que culpa essas pessoas têm? E no mesmo momento discordo dela. É errado falar de culpa, parece ser anormal nascer negro. A sociedade lançou essa pergunta para fugir do seu próprio sentimento de preconceito, fazendo assim parecer que essas pessoas eram coitadas e mereciam sua pena.
- Ele é negro.
- Deixe-o, que culpa ele tem?

Isto me envergonha, e não me faz querer participar dessa sociedade Abaporu. Devemos ser brasileiros, honrar nossa bandeira, a qual foi constituída nação pelas mãos e braços cansados de escravos. Honramo-la esquecendo nossos verdadeiros patriotas, que mesmo amordaçados e esquecidos são nosso maior exemplo de garra e determinação.
Isso não vale apenas para o Brasil e sim para o mundo inteiro.
Pessoas sentem-se superiores, não percebendo que superior é aquele que cresceu cercado de preconceito e conseguiu passar por cima de tudo isso sem nunca ter precisado humilhar ou maltratar alguém.
Estou decepcionada com a herança desse povo que cada dia mais é fútil e egoísta. Somos irmãos de mesma espécie e unidos a um só coração. Quanto tempo mais terei que me perguntar quando um dia isso vai mudar.

Não agüento mais esse tal de preconceito que só existe na cabeça do homem. Quero viver numa nação e não em uma fachada. Quero caminhar ao lado de meus irmãos, livres de preconceito e, assim, querer me sentir de verdade uma cidadã.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Caminho




Ás vezes eu paro e pergunto se tudo que existiu em nossa vida chegou a possuir algum significado e por alguns segundos acredito que não, mas logo esses rápidos segundos passam e acabo lembrando-me de tudo que vivi.De todo o caminho que percorri até chegar aqui.
Que hoje sou a junção de todos os fatos,sentimentos e experiências que existiram em minha vida.Certas coisas foram moldadas e melhoradas com o tempo.Certos caminhos foram escolhidos com uma consciência maior.
Talvez viver seja isso: aprender,errar,amadurecer e assim evoluir.Ou talvez a vida seja muito mais que apenas isso.Se olhássemos com outros olhos para tudo o que vemos e controlássemos nossos sentimentos, acabaríamos não agindo por impulso e tudo com certeza poderia ser diferente. Isso poderia ser bom ou ruim, mas o que nos faz estarmos aqui compartilhando do mundo e deste momento são nossas escolhas.Acredito que nem sempre as coisas no começo pareçam ser boas, mas com o tempo tudo se transforma e a realidade acaba sendo revelada para
nós.

Tudo tem um porquê, então não passemos nossa vida inteira tentando buscá-lo.

O que passou, passou. Devemos tirar proveito de tudo.O que importa daqui para frente é como lidaremos com as nossas futuras experiências.

Tracemos então um caminho: a evolução do ser.

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...