sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sem sentir

Não sei falar
As palavras não saem
Ficam engasgadas em minha garganta

Não sei andar
Meus pés não se movem
Ficam estáticos no chão

Não sei escutar
Meus ouvidos não ouvem
Ficam moucos em meu corpo

Não sei enxergar
Meus olhos não observam
Ficam cegos em minha face

Não sei tocar
Minhas mãos não apalpam
Ficam apáticas em meus braços

Não sei nada
Quando meus sentidos não reconhecem o mundo
E se desfazem de tudo pela razão
Que é apenas um devaneio
Uma ilusão

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Amor Incógnito

Ah esse sentimento que floresce em minha alma.
É a mais sublime obra que o mundo já viu.
De meu olhar ele transparece a você e a todos
É a sede de viver que transborda do meu corpo e se esvai pelo infinito.
Meu coração é muito pequeno para nele preencher tudo isso o que eu sinto.
Minhas palavras são insuficientes, não se completam.
Ah como eu queria que você tocasse em minha mão.
Ah como eu queria que o universo sentisse o que eu sinto.
E assim as flores jamais murchariam e o amanhecer seria eterno.
Alcançaríamos à eternidade em um simples gesto
Mas nunca chegaríamos ao todo apenas com isso
Precisaríamos de mais girassóis em nosso jardim
E mais fé em nossas vidas
Então me deixo levar pelo tempo, para um dia quem sabe
Caminhar com você por jardins de girassóis
Não sei se assim farei o mundo sentir o que eu sinto
Mas ao longo dessa minha jornada, descobri uma forma de viver e uma maneira de aprender.
Conheci um sentido, que por muito tempo esteve esquecido dentro de mim.
Descobri o Amor
Que hoje inunda minha vida e transcende minha alma
E é isso que eu enxergo na imagem refletida do meu olhar
Aprendi o que é Amar.

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Falar de amor é criar consciência da vida.
Sentir o amor é ter um sentido para viver.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Contemplação

Contemplo esse mundo e me perco
O que é real?
A vida e as formas são reais?
E as relações são reais?

Não sei, não sei.
A única coisa da qual eu tenho certeza é que eu sou real
E é mais real ainda o que existe dentro de mim
Meu corpo, olhos e cabelos não importam.
Tudo isso se esvai com o tempo
O que sobra é meu sentimento.

Nesse planeta de cores e formas
Sinto-me dispersa.
Procuro-me em rostos e não me encontro.
Então tento me satisfazer com a matéria.
Ah que engano! Ela não preenche nem um pouco
O vazio do meu ser.

O amor e o ódio são reais?
O amor sim, é ele o único capaz de preencher o vácuo de cada ser.
Enquanto ao ódio, acredito piamente que não.
O mundo é envolvido por ele
O mundo o teme.
E ele se resume á apenas uma palavra
Ilusão

Superficial e passageiro ele o é.
Preenche o impreenchível
Destrói o indestrutível
E engana a ti próprio.
Ele é a mera ilusão da tua vida
Quando deixas-te tomar pelas dores do primitivismo
E esqueces da união.

O mundo só vai ser mundo
O dia que perceber que nada disso existe
Que o mundo é apenas reflexo de nossos olhos
Que enxergam o que está presente dentro de nós mesmos
Ele é ti e nada mais.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Janelas da minha infância



Tenho saudade da minha infância, quando corria pelo colégio fugindo da aula e me escondia embaixo da pontezinha verde.
Tenho saudade daquela velha época que meu sorriso tinha duas janelinhas e eu nem tinha vergonha disso. Eram as janelas da época mais linda da minha vida.
Até hoje sinto o cheiro do jambo que recheava as tantas árvores que lá continham, e quando escuto os pássaros cantando me vejo na frente de uma gaiola assobiando para que eles chegassem perto de mim.
Lembro que eu adorava a casinha da árvore, gostava de ver o colégio de cima, o achava enorme, e hoje dou risada quando percebo que ele cabe na palma da minha mão.
Eu gostava de batom e pulseira, tinha um cabelo curtinho com franjinha.
E hoje quando me olho no espelho ás vezes me pergunto quem é essa, acho que aquela menina pequenina ainda se encontra em algum lugar dentro de mim.
Olho minha face e meu corpo, lembro das quedas que me deixaram marcas no joelho até hoje, mas mesmo assim não me reconheço. Da menina que apelidavam de Olívia Palito sobrou a doçura no jeito, o sorriso sem janelas e o amor.
Nunca me esquecerei daqueles anos que assistia desenho e fugia das aulas.
Mas, além disso, de como eu era feliz tendo tão pouco.
A menina cresceu, e às vezes até me assusto como isso foi tão rápido.
Tenho Saudades.
Então, fecho os olhos tentando lembrar cada detalhe e assim volto há uma década atrás.

Na época das janelas da minha infância, do som dos pássaros e do cheiro do jambo, coisas que jamais serão esquecidas.

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...