quarta-feira, 21 de maio de 2008

Do outro lado


Começou com uma crítica e logo todos estavam nas ruas aos berros.
Braços entrelaçados , bandeiras estendidas, de mãos dadas caminhavam rumo ao desconhecido.
E ouvia-se do outro lado de um muro os ecos da gritaria, eram vozes que pareciam sussurrar interiormente.
Quanta gente deve ter, diziam alguns dos emparedados.
Pessoas pretas,amarelas,brancas, azuis e verdes formavam lá fora o arco íris da força.
E os ecos intensos entoavam no horizonte fazendo o chão vibrar.
Decidiu-se então subir no muro para olharem o que acontecia do outro lado,


Mas nada enxergaram...
E o homem já aflito por não ver, continuou a olhar...

Nada viu.


A voz e o chão continuam a vibrar interiormente, embora seus olhos até hoje permaneçam cegos.
A utopia da realidade impede que ele veja algo além de si mesmo.
A sociedade não é vista lá fora, ela apenas é sentida dentro de cada um.

São os sons do povo ignorado e da realidade social banalizada.

Pobres invisíveis
Pobres cegos

Como é pobre esse mundo.

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...