sábado, 22 de dezembro de 2007

Correspondência


Esse mundo, a cada dia, parece mais estranho. Ao mesmo tempo em que estamos na era da globalização, a comunicação entre todos parece não existir direito. Cada vez mais vazia e insuficiente. O mundo ao invés de parecer mais unido e mais global, parece só. As pessoas começaram a viver em seu mundo interior, vivenciando sozinhos, todos os dias a sua própria dor.
Onde eu me encaixo nessa história?
A cada dia eu pareço mais perdida em relação a isso.
Eu já fiquei durante um longo tempo presa em meu mundo interior, mas isso acabou.
E agora que estou tentando ser livre, tudo conspira para eu voltar a viver assim.
Por que será?
Talvez muitas pessoas ainda não tenham se libertado, e talvez muitos continuem presos em sua própria dor. Remoem e remoem a cada dia tudo o que sentem.
Onde está a liberdade? Onde se encontra a vida?
Não sei porque continuo tentando ser assim, talvez algo me impulsione a isso.
Eu só queria respirar e sair um pouco desse sufoco que é viver.
Eu só queria paz.
E isso é tão difícil e tão doloroso, que às vezes eu não sei mais o que fazer.
A cada dia eu vejo minha vida desmoronando céu abaixo.
Por mais que apareça algo de bom, isso se esvai da mesma forma que surge.
Por que somos tão complicados?
Acho que esperamos que o mundo nos compreenda e aceite como nós somos.
Mas esquecemos que constantemente não estamos dispostos a aceitar os outros.
Somos egoístas.
Por que não tiramos essa armadura e saímos do nosso castelo?
Por que não jogamos nossa dor abaixo?
Eu entendo como isso é difícil, mas temos que tentar.
Eu entendo que não é de uma hora para outra que tudo muda, mas senão agora quando será?
Mesmo fora de nossas fortalezas é difícil respirar, mas pelo menos somos livres.
Livres para acreditar no amanhã.
Livres para ter Fé.
Não adianta continuarmos em nossos mundos interiores, dessa forma não aprenderemos a lidar com o exterior.
Não adianta machucarmos o próximo, para assim fazer com que ele sinta a nossa dor.
Por que não somos sinceros?
Por que não nos damos a liberdade de viver sem mágoa?
Talvez eu pense assim, pois passei por mágoas muito grandes.
E talvez por isso eu insista em afirmar que ter mágoa não é o caminho da cura.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Intensamente


Quantas coisas acontecem de um dia para o outro. Nossa vida muda e passa por uma constante transformação. Faz muito tempo que eu não escrevo. Eu não consigo ter a mesma inspiração de antes, pois escrevia sobre o meu sentimento atual. E no momento existem muitos sentimentos para especificar em um simples texto.
Muita coisa mudou para mim esse ano, e principalmente nesses últimos meses. Brigas, decepções, mentiras, separação, morte, doença e tristeza fizeram parte desse inacabável ano. E todos os dias quando acordo eu me pergunto quando ele vai acabar. Foram muitas informações contínuas, não deu tempo de canalizá-las. Não deu tempo de viver.
Mas o que seria viver? Sofrer para assim aprender com as experiências? Vivemos quando somos felizes? Não sei. Esse foi com certeza o pior ano da minha vida, mas eu não o desconsidero. Eu aprendi a lidar com dezenas de problemas ao mesmo tempo. Aprendi que eu posso ajudar os outros mesmo com mil coisas na cabeça. Aprendi que eu sou forte, tão forte que em um ano inteiro de dor em nenhum momento eu desisti de lutar. Aprendi a levantar da cama todos os dias com um sorriso na cara. Sinceramente não sei como eu consegui fazer tudo isso. Acredito que nós só descobrimos nossa capacidade de superação quando passamos por muitas coisas traumatizantes.
Esse ano valeu por dez no mínimo, sem exageros. Existe muita coisa que eu ainda não consegui lidar, mas com o tempo tudo ficará mais claro. Ah, como eu queria que o tempo passasse voando. Queria dormir durante meses para quando eu acordar já está tudo resolvido, mas sei que não é assim. Não dá para fingir que não tem nada acontecendo. Eu estaria sendo alienada.
Durante o ano eu pensei em muitas frases, e elas me ajudaram muito.
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a superar obstáculos.”
“A dor é inevitável o sofrimento é opcional.”
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz...... ”
A cada segundo devemos dar valor as nossas vidas, por mais que no momento elas estejam péssimas. De uma hora para outra tudo isso pode acabar. De todas as coisas que eu passei esse ano, sem dúvida a pior foi a morte do meu irmão. Eu sempre lidei com a morte de uma maneira muito fria, mas no momento em que eu o vi dentro de um caixão tudo mudou. Meu mundo desabou, foi uma dor inexplicável e imensurável. Nesse instante eu percebi como realmente somos efêmeros. O importante é o hoje e não o amanhã, se você fizer o seu dia da melhor maneira possível com certeza isso irá refletir no seu amanhã, e assim nada irá ter sido em vão. Tenho medo que minha vida passe e eu não faça nada. Não quero viver pensando particularmente no meu trabalho e nem nos meus problemas. Quero deixar algo, alguma mensagem ou ensinamento. Por isso tento fazer de todos os meus dias únicos e últimos, por mais que o mundo possa estar desabando na minha cabeça. A melhor coisa é seguir em frente, nada de depressões, fuga e lamentações. Pois, isso nunca irá lhe acrescentar nada. Só irá perder seu precioso tempo, o de viver.
Viver intensamente e amar intensamente pode parecer clichê, já que todo mundo diz isso. Mas na realidade isso é a pura verdade. Só que nós não enxergamos o significado da palavra intensamente e assim continuamos vivendo por viver.
Não sei se deu para entender tudo o que eu escrevi, pois como estou muito confusa não estou organizando metodicamente minhas palavras como antes. A mensagem que eu deixo não é de desabafo, é de FÉ. Foi a única coisa que eu não perdi esse ano. Eu não comecei a ter fé só porque estou passando por problemas, ela já existia há muito tempo na minha vida.
A diferença de hoje para alguns anos atrás, é que eu não sabia a intensidade dela dentro de mim. E descobri que é enorme, muito maior do que tudo o que eu citei. É por causa dela que levanto todos os dias as seis horas da manhã. É por causa dela que eu estou viva e não depressiva. E é por ela que eu pretendo continuar vivendo.

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...