segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pseudo juízes sociais



Qual o significado de um rosto?
Representa a personalidade ou um padrão de beleza?
Tenho pensado a respeito de conceitos. Não sei ao certo quando surgiu a atual padronização das pessoas. Pode ter se delineado com a religião, e ficado mais forte com o aparecimento da indústria. Existem muitas teorias sobre isso, mas a minha teoria talvez tenha um caráter mais intrínseco. Constantemente rodeamos nossa vida com padrões, esteriótipos definindo coisas abstratas como liberdade, sucesso, beleza,etc.
Com o passar dos séculos chegamos ao ponto de olhar para alguém e julga-lo, defini-lo e retratá-lo. Nos tornamos senhores da moral,juízes sociais, me refiro a moral porque ela norteia os costumes que caracterizam as tendências sociais. Como por exemplo: as regras éticas. Chegamos ao ápice do egocentrismo julgando a vida de um ser.
Velhos costumes sociais geralmente demoram muito para acabar, infelizmente. A Idade Média continua fresca em nossa memória, só que ao invés de pessoas queimarem na fogueira, hoje elas queimam nos círculos sociais. Estamos em época de confraternização, e o principal assunto que existe nas reuniões é a vida alheia. Não interessa em qual festividade você esteja, o assunto fútil sempre é o mesmo.
E eu me pergunto o quão vazia nossa vida é para deixarmos ela sempre de lado para falarmos da dos outros?
Pobres vidas essas, realmente pobres.
Eu só me pergunto qual é o sentido de nos confraternizarmos para julgar os outros, de criarmos padrões para suprirmos o nosso vazio interno. Acredito que não seja só a natureza gregária e a hipócrita necessidade de falarmos da vida alheia que nos mantém juntos.
Existe algo maior, a evolução em grupo. Não importa se é natal ou páscoa, uma época de confraternização existe para a troca de experiências,ou seja, a celebração do crescimento em grupo. Também não importa como fisicamente são as pessoas reunidas, rostos e roupas nunca foram padrões para inteligência. A humanidade já tem um tempo relativo de existência, então, já passou da hora para ela amadurecer, fazendo com que cada um cuide de sua vida.
Um dia, finalmente, as pessoas serão senhoras de si, e não falsas juízas da boba vida social.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Da fantasia a realidade


Após uma vida inteira de leituras e filmes, parei para reparar na influência que eles exercem e exerciam em minha vida. Cheguei à uma pequena conclusão, às vezes fugimos da realidade para tentar fazer da nossa existência uma pequena história.Ou seja, ocorre uma transmissão de desejos e idéias expressos na fantasia para o mundo real.A arte de sonhar e trabalhar nossa imaginação é muito boa,mas as vezes podemos nos confundir nesse emaranhado de magia e ficção.
Sempre que assistia um filme ou lia um livro,na minha infância, eu ficava com um desejo enorme de viver tudo aquilo, como se a realidade não tivesse graça e o mundo mágico fosse maravilhoso.Ainda bem que com o tempo percebi o valor do mundo efectivo e passei a vivê-lo verdadeiramente.
O problema é que muitas pessoas não conseguem se desvirtuar da fantasia, já que nelas encontram todas as possibilidades de viver.Isso não quer dizer que na vida delas não existem chances de mudanças, e que elas não podem se transformar naquilo que desejam.Realmente seria muito bom se nossa realidade fosse mágica cheia de aventuras, mas o caso é que não é. E não adianta passarmos a vida inteira sonhando como nossa vida deveria ser, estamos fugindo da nossa própria existência sem ao menos nos dar a chance de construí-la. Desistimos do nosso mais precioso bem por algo utópico.
O fanatismo pelo fantástico tem ocorrido com muita frequência na classe mais jovem,talvez por julgarem que esse mundo não tem graça, mas mesmo assim para mim parece uma contradição. Pensemos...Por que alguém daria mais importância a imaginação de sua vida do que ela própria? O motivo que eu encontro é que as vezes nossa realidade pode ser muito dura e fica mais fácil fugir para dentro de nós mesmos do que enfrentarmos a vida.Contudo, ao mesmo tempo que fugimos para o interior do ser passamos a viver em um processo utópico e alienante. E na minha visão seria contradição tudo isso, pois de certa forma já vivemos em processo alienante na nossa vida externa,ou seja, alienação externa e fuga para alienação interna.
Não que eu ache que quando nos voltamos para o nosso interior estamos nos alienando,pelo contrário, quando me refiro a voltar para si é algo bom porque estamos dando voz a nós mesmos, esquecendo do barulho e da influência externa.E isso é diferente da expressão fugir para o interior, pois essa última é um sistema de fuga que ocorre pela negação da realidade externa,sendo isso nada bom.
Não sou contra a imaginação ou o sonho,só acho que eles são algo que nos dão esperança por alguma coisa melhor, e não a transformação para uma realidade concreta como muita gente faz.Talvez nesse mundo moderno falte um pouco de espaço mágico para os sonhos, é tudo tão controlado e racional.Se fosse para escolher como minha vida poderia ser, eu diria que seria algo celta com batalhas épicas,mas como não é,não vou me vestir de celta e fingir que vivo em outra era.
Mas sei que posso guardar o místico com o heróico em alguma parte da minha vida,fazendo a minha fantasia se tornar um pouco mais real.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Água Viva


"São quase cinco horas da madrugada. E a luz da aurora em desmaio, frio aço azulado e com travo e cica do dia nascente das trevas. E que emerge à tona do tempo, lívida eu também, eu nascendo das escuridões, impessoal, eu que sou it.

Vou te dizer uma coisa: não sei pintar nem melhor nem pior do que faço. Eu pinto um "isto". E escrevo com "isto" - é tudo o que posso. Inquieta. Os litros de sangue que circulam nas veias. Os músculos se contraindo e retraindo. A aura do corpo em plenilúnio. Parambólica - o que quer que queira dizer essa palavra. Parambólica que sou. Não me posso resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maças. Eu sou uma cadeira e duas maças. E não me somo.


O que te direi? te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo
e de um modo febril. Que febre: conseguirei um dia parar de viver? ai de mim que tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra, tenho por dom a paixão, na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas. À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.

Para me refazer e te refazer volto a meu estado de jardim e sombra, fresca realidade, mal existo e se existo é com delicado cuidado. Em redor da sombra faz calor de suor abundante. Estou viva. Mas sinto que ainda não alcancei os meus limites, fronteiras com o quê? sem fronteiras, a aventura da liberdade perigosa. Mas arrisco, vivo arriscando. Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida. E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar. "


Fragmentos de Água Viva - Clarice Lispector

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Atitudes




Nada de dor ou flagelação
Cansei de sofrer
Preciso superar e crescer
Arrancar de mim as mágoas do coração

Preciso de um infinito amanhecer
Cansei da tristeza e da solidão
Nada de esperar para viver
Quero arrancar as portas dessa prisão

Cansei de esquecer que existe felicidade
Preciso buscar a minha liberdade
Nada de cárceres inexistentes
Posso arrancar os problemas da minha mente

Nada de esperar
Cansei de esperar
Preciso correr, o tempo está passando
Vou arrancar essa dor que está me matando


Pintura: Picasso - Girl before a mirror

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Em pedaços


Poemas,papéis rabiscados e inacabados
Minha imagem se reflete em um espelho emoldurado
Tento escrever, dizer como me sinto em pedaços
Vou falando, arrancando de mim coisas engasgadas
Começo a te explicar como cheguei a este estado
magoado, solitário
Pessoas me deixaram, fiquei decepcionada
Descobri cicatrizes que nunca foram curadas
Vivenciei a dor de suportar calada
E hoje estou aqui tentando juntar meus pedaços
migalhas de cacos espalhados
Quero superar essa tristeza abafada
Meu rosto não reflete minha reclusão solitária
Pareço bem, sem estar
Vago sozinha em uma estrada dolorosa
Caminho em livros onde as palavras me consomem
Esqueço o sofrimento sem superar
Esqueço de ti e de todos que me perturbam
Só cabe o Eu
Só existe o tempo, curador das feridas
Não existe o nós, não mais
Há pedaços espalhados que não se juntam mais

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Carta Aberta à Filosofia


"Que raio de saber és tu, Filosofia,que me estás sempre a mostrar que nada sei?
Quem julgas tu que és para me estares sempre a molestar com perguntas que parecem não ter fim.
Dizem que te chamas Sofia e que Sofia é o nome de sabedoria, dizem que és amiga,
mas eu duvido que o sejas, porque às vezes, quando te faço perguntas, tu respondes-me com mais perguntas.
Que diabo! Endoideceste?
Porque me obrigas sempre a ir buscar respostas complexas e não respostas simples?
Tanto trabalho, tanto trabalho e tão poucos louros!
Se eu pudesse matava-te, Filosofia, mas nem isso me deixas fazer, porque se te mato, mato-me a mim próprio, porque não encontro o sentido da minha existência.
Dizem que és radical, mas eu nunca te vi a andar de skate, ou de patins em linha;
em vez disso dás-me mais trabalho!
Nem sei porque te escrevo, nem sei porque ainda te falo,
tão pouco porque não posso fugir de ti!
Será que em vez de ódio, é amor que sinto por ti?
Vá, responde-me, Filosofia? Vamos, responde-me!"

Sérgio Morais

Fotografia: Gerald Neufeld

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A sociedade da salvação



Pois é, Obama ganhou.

A pergunta que vem seguida dessa afirmação, é a de como será seu governo.

Não há a menor dúvida de que esse acontecimento é um marco na história mundial. O primeiro presidente negro de um país dividido em questões raciais, suas propostas são mais “liberais” que as de Bush, com sua campanha fez com que 66% da população americana fosse as urnas e lembra Kennedy. Essa última, para mim, mostra algo surpreendente, pois o antigo presidente John F. Kennedy possuía da mesma forma que Obama um grande nacionalismo e uma proposta de inovação social, só que essas idéias levaram ao seu assassinato. Kennedy parece não ter sido marionete,para o governo que existe por trás do oficial, como Bush foi, e talvez por isso e outras questões ele não tenha agradado o poder omisso que existe nos EUA.A probabilidade do assassinato de Barack Obama é um fato inegável, se ela realmente vai ocorrer só no futuro saberemos, mas eu fico com receio do sentimento que ela possa trazer para uma sociedade em colapso, como a americana.

Quase a totalidade das pessoas que eu conheço vibrou com a vitória desse futuro presidente, mas como brasileira eu me pergunto como será a política dele em relação a América Latina. Em toda a sua campanha eu não percebi que algo mudaria para a situação econômica do Brasil, pelo contrário, ele deixou claro que vai haver um maior protecionismo no mercado dos EUA.


Eu fiquei feliz com sua vitória, pois demonstra que entraremos em uma fase de mudanças e isso já está ocorrendo no sentimento global,contudo,acredito que aquele sentimento americano de querer mandar no mundo vai continuar e isso vale para o Brasil e para as guerras. Ou vocês acham que Obama vai tirar as tropas do Iraque logo quando ele assumir?

Ele disse em sua campanha que iria tirar as tropas aos poucos, com o passar dos meses.E eu gostaria de saber como o País vai continuar se sustentando, já que a indústria da guerra é o seu maior lucro.Claro que eles gastaram muito mantendo todos esses anos as tropas no Oriente, mas eles ganharam muito mais na parte industrial, com as grandes empresas fabricando armas e aviões. E agora que a economia está em crise eles precisam de injeção monetária no mercado, e uma das empresas que mais injetam dinheiro é a bélica, que constrói aviões de guerra.


No contexto geral as expectativas são ótimas e espero que elas realmente aconteçam no futuro.Só que não acredito em coincidências, às vezes acho estranho tudo isso que está acontecendo, tudo muito salvador, e aí que está o problema. Obama representa a salvação americana,isso demonstra o quanto essa sociedade está colapso. Uma nação não precisa de salvadores,eu não preciso nem você e as pessoas não deveriam precisar, mas parece que está naquele momento em que o mundo está desabando e é necessário um presidente que possa salvar a vida de todos.Muitas pessoas aqui no Brasil vêem Lula dessa forma,no entanto, ele é uma pessoa normal com suas qualidades e limitações.Acredito que idealizar um presidente que vá mudar a vida de todos demonstra o desespero no qual uma sociedade se encontra.E o meu receio é que essa sociedade se torne cega para as más ações que possam vir a ocorrer.


Posso estar sendo cética a esse sentimento global, mas todos esses fatos não deixam de ser uma realidade na qual a sociedade já começou a fechar os olhos para enxergar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Cadê a liberdade?



A cada dia que passa eu me convenço mais de como é difícil ser diferente. Por não gostar de axé,pagode,etc. a maioria tende a dizer que é frescura ou chatisse.Cada época possui uma tendência musical característica, vivemos em um período de grande diversidade e mesmo assim a sociedade tende a discriminar estilos não muito conhecidos.Ser underground ou "chata" e por isso não frequentar show de axé é sofrer preconceito e rotulação atualmente ,e se chegou ao ponto de hoje você não poder gostar de coisas alternativas recebendo dessa forma discriminação pelos seus gostos, eu me pergunto aonde vamos chegar.
A primeira coisa que eu lembro quando estudo o direito do cidadão é que todos possuem a liberdade como fator primordial para a vida.Pensando juridicamente o homem é livre para fazer o que desejar,contanto que não afete o direito do próximo ou infrinja as leis do Estado. Já diria Jean Paul Sartre que estamos condenados à liberdade,então,é o próprio ser humano que a limita.E ele faz isso com base no seu senso crítico,o que não está de acordo com seus princípios se torna errado.
O homem por si só limita seu caminho e o mundo a sua volta,dessa forma tira de mim a liberdade e transforma o meu mundo cópia do dele.Na minha opinião isso se chama massificação,a fim de conseguir que interesses pessoais se tornem interesses universais.Se o mundo fosse do jeito que eu acho correto,a vida perderia o significado,já que tudo seria perfeito e assim não evoluiríamos como espíritos.A sociedade precisa aceitar as diferenças e não ser egocêntrica.Qual seria a graça do mundo sem as diferenças?
Nunca gostei de coisas convencionais,talvez por ter sido criada ouvindo Charles Aznavour e Willie Nelson,mas o fato é que eu acho um absurdo me rotularem como chata porque eu não gosto de shopping,carne,televisão e show de axé.Eu possuo características particulares e isso faz de mim única,assim como a maioria das pessoas.Aí entra a pergunta,onde está a liberdade que a sociedade exige se ela mesma limita a de vários cidadãos?
Começo a relevar o que Jung disse:
"Todos nós nascemos originais e morremos cópias"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Antiga paixão


Olhando meus arquivos descobri esse texto, que eu escrevi há um bom tempo.

E de repente meus “amores” antigos passaram como um flash na minha frente.

Depois da retrospectiva comecei a rir, é muito engraçado olhar para trás e pensar como eram os relacionamentos. Cheios de confusões por besteira e declarações apaixonadas.

Escrevi o texto junto como um pedaço de carta que nunca enviei, talvez por achar que eu estava sendo uma poetisa apaixonada duvidando dos meus sentimentos. Com o tempo percebi que não gostava dessa pessoa naquela época o tanto que gostava antes, era uma antiga paixão. E também notei que quando estava com a pessoa que mais gostei, não escrevi uma única carta ou um poema sequer. Não sei o porque, mas desconfio que nunca encontrei alguma palavra para descrever o que sentia.



Não sei


Não sei o que pensar

É muito confuso para entender

Muito grandioso para descrever apenas em palavras


Deixo então esse sentimento fluir

Meus pés sobem aos céus

Minha face parece estar eternamente iluminada por sorrisos


Não quero pensar

Meu coração fica comprimido

É a saudade que me afaga


Queria poder te ver

Mas acredito que não saberia o que dizer

Apenas meus olhos se iluminariam


Lembranças despertam em minha memória

Parecem inesquecíveis

E intermináveis


Meu mundo se expande e reduz

Parece tornar os dias tão diferentes

O tempo é uma quimera


Fecho os olhos

Tento compreender

Não consigo, não entendo.


Nesse ínterim

Tudo se transforma

O véu desaparece


Recordo dos sorrisos

Tão bem guardados

Inolvidáveis


Que quem sabe um dia

Encontrar-se-ão novamente

Sem dúvidas ou cogitações



Foto: W. Eugene Smith

domingo, 12 de outubro de 2008

Nietzsche,o mundo e eu


Tenho pensado em tantas coisas: céu, vida, pobreza, eleições, família e futuro, que não sei ao certo por onde começar a escrever. Tive uma aula de filosofia ontem que me fez parar para pensar em Nietzsche, estou tentando ler seu livro Assim falou Zaratustra desde janeiro, e percebi que não estava compreendendo o que ele queria dizer. Nesse livro você encontra a idéia de Super-Homem, e passei durante todo esse tempo pensando em quem seria essa figura e o que o filósofo queria dizer relacionando ele aos seus pensamentos. E de repente tudo fez sentido. Nietzsche acreditava na teoria afirmativa,ou seja, que o homem devia ser autônomo. Por isso ele criticava as religiões, porque acreditava que o ser humano transferia suas responsabilidades e possibilidades de viver para Deus. O homem pensa em como vai ser após a morte e não tenta viver a sua vida e relaciona os acontecimentos ao redor dela com uma idéia divina, deixando ,dessa forma, de se responsabilizar pelos seus atos. O autor não apenas critica a igreja, mas sim demonstra para todos que isso é um tipo de fuga da sua própria existência, já que é uma responsabilidade muito grande dizer Deus está morto e eu sou responsável pelo meu agora e pela minha felicidade. Isso é um tipo de responsabilidade que o mundo não está disposto a acatar. Então, Nietzsche não era um cético do mundo, mas queria que este fosse senhor de si e fizesse com suas próprias mãos a felicidade, e o Super-Homem seria uma pessoa autônoma.
Toda essa conversa filosófica entra na minha vida como uma voz que me diz:
- Vá e lute pelo o que você quer, construa sua felicidade.

E assim o mundo se transforma, sou capaz de fazer o que eu acho correto, de não ser apenas mais uma entre milhões, é como um diferencial que te dá força para ir contra a correnteza. Contra a corrente desse mundo onde pessoas estão tendo suas casas hipotecadas, outras estão falindo a cada ação que é desvalorizada e onde o mendigo continua dormindo na parada de ônibus. Todo mundo cego para os outros, achando que isso não interfere na vida deles. Todo mundo entregando o mundo nas mãos de Deus. Que eu saiba ele nunca pregou individualismo, nem nunca disse cuida da tua vida que eu ajudo o mendigo. Está mais do que na hora das pessoas pararem de transferir o planeta para as mãos dele, cada um devia tentar ajudar o ambiente a sua volta e dessa forma melhorar a sociedade em geral.
Autonomia não é sinônimo de egoísmo.
Deus não é sinônimo de fuga da cruel realidade.
Seja um que tenta mudar e fazer a diferença, ao invés de ser mais um cego para o mundo.
Minha vida a cada instante é mais louca, são tantos pensamentos que acabo me perguntando onde fica minha ação. Mas quando percebo já estou fazendo acontecer há um bom tempo, assim não me critico tanto e sobra tempo para criticar o mundo.
Sobra tempo para família, vida, mendigo, Nietzsche e menos para mim, talvez isso seja em partes melhor do que o contrário. Se Nietzsche fosse acreditar em um "Deus" ele acreditaria num Deus "palhaço" e bom, eu acredito em Deus, mas concordo com ele que o ser humano deve trazer para si as responsabilidades. Se isso ocorresse o mundo poderia ser mais justo, e eu nem estaria escrevendo sobre isso agora.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Stop the world


Ao som de Help! percebi como meu estado de cansaço está grande, mas ao contrário da letra da música não quero alguém. Quero descanso, água de coco e morar em outro planeta. Estou cansada do costumeiro dia a dia, preciso um pouco da animação dessa música, preciso de paz. Quem sabe morar em um retiro lá na Índia ajudaria. Quem sabe se o mundo parasse de fazer barulho ajudaria também, porque estar doente, com dor de cabeça e ser obrigada a escutar de tudo é muito ruim. A esta hora já estou em Because, e fico me perguntando o porquê das coisas. A melodia se esvai e me diz que o amor é a resposta, assim penso que dor de cotovelo eu devo estar. Ah, quero paz sem dramas, no momento, emocionais, então vou para Revolution. E ela me diz que até o final do texto tudo vai ficar bem, bem, bem, etc. Assim começa Hey Jude, não devo me preocupar e sim escolher uma música para melhorá-la. Beatles me faz querer ser de outra época, outro mundo, mas ao mesmo tempo me faz querer transformar o meu. Acredito que existem dias em que você está cansado de tudo e não quer saber de nada, no entanto nesses dias devemos fechar os olhos e esquecer dos fatos que nos incomodam. Simplesmente devemos nos deixar levar Across the universe, sem desejos e frustrações. Só o silêncio, somente a paz. Talvez dê para escrever algo compreensível através da música, explicando que nem sempre devemos ser racionais, que é necessária a tranqüilidade da mente. E não estamos loucos quando pensamos em sumir e esquecer desse mundo que incomoda. Não quero fugir dos acontecimentos e nem me esconder das pessoas e dos sentimentos, só quero descansar sem pensar nas mil coisas que tenho que fazer no amanhã. Seria pedir demais isso nessa vida global?

“Everybody seems to think I'm lazy
I don't mind, I think they're crazy
Running everywhere at such a speed
Till they find there's no need

Please don't spoil my day
I'm miles away
And after all
I'm only sleeping”

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Jerusalem


Acredito que o mundo tem o costume de analisar uma situação sob um ângulo interno, e nunca pára para pensar que pode existir outros lados de uma determinada situação. Eu gosto muito dessa música, mas nunca tinha reparado como ela diz tanto a respeito de um contexto social, então, pensemos nela como uma nova visão de uma situação que é tão comentada historicamente e atualmente.


"Jerusalem, se me esquecer de você,
fogo não irá vir da minha língua
Jerusalem, se me esquecer de você,
deixe minha mão direita esquecer aquilo que supôs a fazer.


Aos dias antigos, nós iremos retornar sem demora
Fortalecer a bondade e a generosidade em nosso caminho
Nós temos viajado de estado para estado
e não temos entendido o que eles falam
3000 anos sem um lugar para estar
e eles querem que eu desista da minha terra
Você não vê, não é sobre a terra ou o mar
Não o país, mas a moradia de sua majestade


Reconstrua o templo e a coroa de glória
Anos se foram, uns sessenta
Queimando no forno neste século
e o gás tentou me parar, mas ele não pôde me deter
eu não irei mentir, eu não irei adormecer
ele virá sobre os mares, sim ele me fará ficar livre
apague os demônios de sua memória
mude seu nome e sua identidade
Medo da verdade e da nossa negra história
Porque todos sempre nos perseguem
Cortando as raízes da nossa árvore genealógica
Você não sabe que esse não é o jeito de ser


Avançar nestas maneiras, e os mundos enlouquecem
Você não sabe que isso é apenas uma fase
O exemplo que Simão disse
se eu esquecer a verdade, então minhas palavras não penetraram
Babilônia queima no lugar, não podendo ver através do embaçado
Cortando para baixo todos em seus caminhos sujos
Esse o preço que você paga por vender mentiras para a juventude
De jeito nenhum, não está ok, oh de jeito nenhum, não está ok, hey
Ninguém irá parar meu caminho
Ninguém irá me puxar para baixo
Oh não, eu tenho que continuar
Manter-me vivo"

Matisyahu - Jerusalem

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Diário sentimental


Ah, esses rostos que não me deixam em paz.
Quanto mais eu sinto a vida pulsar em mim, mais eu sofro por existir
E nas minhas eternas madrugadas solitárias
Penso em como agir e no que eu sinto
Só que chego a nenhuma conclusão
E assim me dói existir
Não é que eu considere a vida algo ruim
Pelo contrário amo-a intensamente
Mas sua imprecisão me magoa e fere minha inteligência
Nas veias que correm em meu corpo
Existe o amor vermelho que arde em meu peito
Mas sua irrealização penaliza meus sentimentos
Então descubro porque me dói viver
Ás vezes penso que estou errada por desejar e sonhar demais
Mas logo esse pensamento desaparece
E creio que é um absurdo eu não dar vida ao que sinto
Por valores convencionais não estarem de acordo
O que eu faço com o que eu sinto nessa eterna madrugada?
Alguém me diria...
Vá atrás e realize-o
E eu responderia dizendo que existem coisas que não dependem só de mim
Como é agonizante tudo isso
E acredito que você já deve ter sentido algo parecido
Então, não sou pelo menos incompreendida.
Só queria que essa dor parasse para poder estar em paz novamente
Estou pensando em como resolver esse problema
No fundo eu sei o que quero e o que devo fazer
Mas minha insegurança me impede de abandonar
Esses rostos que flutuam em minha mente
Meu verdadeiro sentimento deve prevalecer e esses rostos devem desaparecer
Afim de que o sincero permaneça
Por que o amor é complicado?
Por que sua dor atormenta minha alma?
A essa hora chego a conclusão de como é penoso gostar de alguém


Foto: Allison Brady

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Amanhecer na cidade



A vida poderia ser um eterno amanhecer

sempre:
o canto dos pássaros
o som do mar
os alegres bom dia
a esperança de um novo dia

Mas com essa vida urbana
só me resta aproveitar alguns minutos desse alvorecer


Vou morar em uma ilha

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Oração


Ah essa vida humana
Quanto sofrimento por tão pouco
Dúvidas revelam-se diariamente na rotina terrestre
E são respondidas de forma tão negativa que toda a felicidade desaparece
Problemas aparentemente sem solução aparecem a cada mês na vida do Ser
Tão fáceis de resolver e o mundo inteiro acaba-se por eles,
Sendo que bastaria enxergar as respostas com os olhos espirituais

Não escuto frases do tipo:
“Como estou feliz” ou “As coisas estão caminhando”

Só repetem o velho cansaço e o desgosto pela vida
Vivem apegados a coisas efêmeras,
Esquecendo assim que tudo é poeira
Como eu queria Senhor que o mundo sentisse o que eu sinto
Sem julgar que minha visão é melhor,
Mas eu queria que sentissem o prazer em viver

Aproveitar oportunidades,crescer constantemente e amar ao próximo
Entendendo assim que é possível se melhorar como espírito
Plantando agora sem pensar no amanhã inexistente
Quantos planos em um corpo pequeno
Quantas realizações acontecem no determinado instante
Todo dia é dia de Luz

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...