sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Viver pode ser...


Em cada retrato gravado em minha memória desse belo ano que se passou, está a alegria de viver, de poder dar um significado a minha existência. Pode parecer confuso transcorrer sobre o significado da vida, mas é disso que eu tenho quase certeza de que vale no final da jornada. Perguntas como: O que eu fiz durante minha vida? ou Quantas alegrias eu pude dar a esse mundo? sempre vem na cabeça de algumas pessoas. No entanto, será que precisaremos chegar no fim de nossa jornada terrena para compreendermos a dádiva de viver? Acredito que não, podemos valorizar tudo o que temos e tudo o que somos neste momento, e , dessa forma, construirmos com esperança o nosso próximo dia. Viver como alguns livros intitulam é uma arte, contudo, viver não quer dizer estabelecer metas de acordo com aspirações sociais e nem viver do modo como alguns acreditam que seja melhor. O significado de viver não possui resposta, lembrando a frase de Oscar Wilde " Definir é limitar", então, por que estabelecer padrões de felicidade, padrões de se possuir uma real vivência. Encaro a vida como um campo vasto e florido, em que não se pode enxergar o final por de trás do morro, só seguindo sempre reto em direção ao seu fim, aproveitando a paisagem, sentindo o cheiro das flores e de vez em quando tropeçando em algumas pedras. Isso não quer dizer que a vida é um eterno Carpe Diem, posso muito bem jogar as sementes de flores por onde eu caminhar, para que o próximo que caminhe depois de mim possa ter um lugar sempre mais bonito para viajar. Com breves metáforas de significado profundo pode ser a forma de se falar da vida, mas só sentindo o sangue em suas veias, a tristeza de uma lágrima e a felicidade emanando das pessoas ao seu redor é que se pode sentir a vida. Desejo do fundo do meu coração que sejam jogadas sementes pelo caminho que vocês passarem, e que vocês possam contribuir para que frutifiquem os frutos da vida na Terra.
Um ótimo final de ano, e que o próximo possa ser vivido plenamente.



- Talvez se o mundo nos entregasse a espera
Poderíamos ter menos medo da morte
E , assim, viveríamos com sorte
Por enxergar em cada detalhe do mundo
O dom divino da existência

Pintura: Vincent Van Gogh - Campo de trigo com ceifeiro e sol

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Retrospectiva de livros 2009

2009 foi um ano muito produtivo de livros na minha vida, 15 no total. Foram diversos tipos de leituras e vou comentá-las começando pelo qual eu mais gostei. A Menina que Roubava Livros é com certeza uma fascinante história que nos transporta para o período da 2ª guerra mundial tendo como ponto de referência os olhos de uma criança alemã. O autor, Markus Zusak, nos dá uma visão nova para um tema tão clichê como a segunda guerra no momento em que apresenta a morte como uma narradora e uma criança como personagem principal. Aos olhos de Liesel a morte e o sofrimento não existiam apenas fora da Alemanha, mas também em sua rua e nos rostos das pessoas que lá moravam. Por meio de breves capítulo, nuvens no céu e desenhos, somos levados a uma viagem maravilhosa com uma profundidade única em que os livros são a peça chave para mostrar a evolução da história e da personagem. Depois de um livro tão bom, minha curiosidade fez com que eu lesse depois algo tão ruim como Lua Nova, Eclipse e Breaking Dawn. Levada pela curiosidade de entender o porquê desses livros fazerem tanto sucesso decidi lê-los e foi uma tarefa bem árdua. Começando por Crepúsculo em 2008 eu decidi terminar a história afim de compreender melhor esse fenômeno. O tema de vampiros sempre foi algo interessante e atraente para as pessoas, valendo ressaltar Bram Stoker e Anne Rice pelos seus gloriosos livros a respeito do tema, contudo, acredito que pelo menos para mim o tema acabou por perder o mistério durante a leitura dos livros de Stephenie Meyer. Com uma linguagem muito pobre em detalhes e sem a profundidade psicológica dos personagens, a autora fez sua obra comparada com Machado de Assis ser um livro infantil. Quando li Crepúsculo percebi que toda a beleza que tentaram mostrar do mundo vampiresco foi perdida e ferida por pessoas interessadas no lucro que um livro tão besta poderia trazer. O universo teen dos jovens que quase não lêem e que assim não compram livros ganhou após Harry Potter uma continuação como fonte de renda para as editoras. A única coisa boa nisso é que por mais que a linguagem do livro seja ruim pelo menos eles estão lendo algo. Foi uma tortura terminar Crepúsculo no final do ano passado porque eu não aguentava as descrições que a personagem Bella fazia de Edward, de lindo em todos os momentos até deus de mármore, Stephenie Meyer conseguiu reunir em um livro todos os adjetivos do planeta Terra. Enfim, não recomendo, deu até vergonha de colocar na lista, mas continuando. Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago é fantástico, considerando o fato que vendeu muito e que eu aposto que boa parte das pessoas que leram ou não compreenderam ou não gostaram. O que eu mais ouvi foi aquela frase: Ah, é legal sabe, e depois que assistiram o filme aí que não gostaram mesmo. Contudo, Saramago usa um método de escrita de linguagem corrida sem pontuação o que torna para alguns uma leitura mais difícil, mas na minha opinião foi fascinante a viagem sobre a cegueira da humanidade, como estamos cegos a respeito de tantas e tantas coisas. Por meio de uma cegueira real ele tenta nos passar essa mensagem de aprendizado sobre olhar o próximo e enxergar o mundo sob outros aspectos. Seguindo nessa linha dá para comentar O Processo de Franz Kafka, a história de um homem que um dia acorda e se depara com um processo surreal em sua vida. Processo no sentido jurídico, mas também processo interno de mudanças sutis no personagem. Não, ele não deixou de ser o personagem mais arrogante, no entanto, descobrimos que ele não é uma rocha fria no decorrer do livro. Acredito que Kafka em suas obras coloca a história e os personagens ligados em partes a sua vida pessoal, que diga-se de passagem era um tanto complicada, o que faz com que seus livros tragam problemáticas a ser debatidas e não entendidas por completo. O Processo é um livro sem fim, o autor não terminou, mas no intitulado O Fim capítulo X dá para entender algo. Sempre tive vontade de ler Kafka principalmente Metamorfose, no entanto preciso me preparar antes psicologicamente para ler Kafka de novo. Outro livro que eu sempre quis ler e acho essencial para entender certas coisas a respeito do sistema organizacional da sociedade é O Contrato Social o qual eu tive o imenso prazer de ler este ano. Jean-Jacques Rousseau não foi só um grande pensador pela teoria do Contrato, mas acredito que foi por revolucionar a visão do Direito e do Estado de Direito, ele trouxe a idéia humanística de que o sistema tem que servir a sociedade ao bem do povo e não apenas a um monarca. Ao contrário de Voltaire e suas idéias aristocráticas, Rousseau relança o direito, fazendo dele um direito verdadeiro e digno do povo. Apesar de um tanto romântica a sua idéia de concessão da liberdade de cada indivíduo em função de um Estado que regule a propriedade e os direitos, ele trouxe à tona a hipótese de que durante séculos o Estado serviu a pessoa errada, o rei, ao invés de servir a sociedade. O que lembra a mudança que Cesare Beccaria institiu com sua obra Dos Delitos e das Penas, ao inovar o pensamento que o Direito Penal estava atuando de forma errada servindo àqueles que detinham o poder. A banição da tortura foi uma grandiosa conquista na evolução não só do direito penal como também da sociedade, tornando o julgamento mais justo. Lembrando o tema contrato e julgamento justo é de se lembrar O Mercador de Veneza, em tópico anterior comentado, de William Shakespeare, o livro é a retratação um tanto diferente da realidade, mas que lembra em partes como funcionava o direito antigamente. Mudando de tema completamente este ano Finalmente após dois anos e meio eu terminei Assim Falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche e com certeza valeu a pena esse tempo todo. É verdadeiramente a obra prima de Nietzsche que ele próprio no biográfico livro Nietzsche de Scarlett Marton cita que para ele esse livro é incompreensível, então, o que resta a mim pobre mortal senão lê-lo e relê-lo com a finalidade de estudar e compreender suas idéias. Estudar sim, até porque certos livros não foram feitos para serem lidos de forma corrida engolindo as letras e a profundidade. Tenho certeza que no decorrer da minha vida voltarei a lê-lo muitas e muitas vezes. Para quem gosta de Nietzsche e já conhece algumas obras é um livro que reúne muitas de suas teorias, mas para quem nunca leu nada dele, eu não recomendo começar por esse. Caminhando para os 4 últimos da lista um breve comentário sobre A Terapia do Abraço 2 de Kathleen Keating o qual eu li por curiosidade e que demonstrou no ramo da psicologia ser uma terapia muito interessante em que é colocada em prática por vários tipos de abraços que expressam os mais variados sentimentos. Mulheres Alteradas de Maitena é incrível e excelente para dar muitas risadas, eu não canso de ler, é feito em formato de charges que expressam as angústias e os pensamentos femininos, é realmente muito divertido. O Livro de Ouro da Mitologia de Thomas Bulfinch é uma viagem a mitologia grega e nórdica, reunindo as mais diversas mitologias conhecidas. O autor estudou durante muitos anos na pesquisa e reunião das mitologias para poder publicar o livro, ele também possui outros ligados a história de algumas civilizações.É brilhante para compreensão de como as sociedades entendiam e atuavam no mundo mediante suas crenças mitológicas. E por fim, a obra maravilhosa Mensagem de Fernando Pessoa, para os admiradores da poesia é um livro que certamente deve ser lido, pois eleva a poesia a um novo patamar. Por meio de poemas Fernando Pessoa conta a história de Portugal, ele fala dos mais variados assuntos históricos até as aspirações do povo português. A edição que eu comprei da editora Bestbolso explica de forma detalhada a história de Portugal e os significados dos nomes citados nos poemas. Fora os 15 que eu terminei de ler, durante o ano eu li outros 3 e não terminei. A Arte de Amar de Erich Fromm foi recomendado por um colega meu, mas eu tentei ler 3 vezes e não consegui terminar, quem sabe um dia eu tento novamente. Outro foi A Hora das Bruxas de Anne Rice, que definitivamente eu vou terminar um dia, mas como eu sempre faço mil coisas ao mesmo tempo não consegui terminar. E outro, levada pela curiosidade, foi Diários do Vampiro - O Despertar. Na verdade comecei a ler porque o seriado Supernatural vai terminar ano que vem, por mais que eles venham enrolando, então, eu tenho que escolher outro pra assistir, já que só vai sobrar The Big Bang Theory para eu ver. Por isso, fui atrás da história, não vou meter o pau senão vai tomar mais linhas e minha mão está com tendinite e cansada, assim sendo, vou resumir que a linguagem é horrível e que a personagem principal é tão infantil quanto a de Crepúsculo, e um tanto arrogante, ela se acha muito. Enfim, já tenho uns 4 livros aqui para ler, só Deus sabe quando vou conseguir terminar Levando os Direitos a Sério, e tenho uma lista com quase 20 que eu quero ler. Vamos ver quantos eu consigo ano que vem. É possível ler vários livros é só querer, minha vida é uma correria saio às 14:00 e volto às 23:oo todos os dias e tenho aula aos sábados, mas dá para ler algo nos intervalos e de madrugada, e sim eu tenho vida social, saio quase todo final de semana e os livros do meu curso ganham com certeza desses 15. A maioria das pessoas fica ligada a idéia de que não existe tempo para ler, e isso é uma grande mentira. Eu não gosto de novela e só ligo a TV para ver seriado e filme, então, meu tempo disponível é maior do que aqueles que assistem todas as novelas. Por isso, sem desculpas para o ano que vem.



- Agora são 16.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Shakespeare


É um tanto clichê falar sobre Shakespeare, mas é um tanto absurdo não fazer parte da lista de leitores desse dramaturgo. De origem já conhecida pela maioria, e questionada por alguns, o escritor inglês foi e continua sendo um dos autores com livros mais interpretados do mundo. Não só pelo aspecto fácil de compreensão de suas obras, mas também por trás dessa "facilidade" existir um significado muito maior, que talvez não seja alcançado pela boa parte dos leitores. A pronfundidade do real significado de sua obra vai além de uma simples comédia ou drama, envolve conceitos e valores não só da época como também inerentes de cada ser humano. Após ter terminado de ler O Mercador de Veneza fiz uma breve reflexão sobre até que ponto um homem pode ser envolvido pelo dinheiro e querer uma vingança. Shylock, personagem do livro, retrata como os judeus na Inglaterra daquela época eram vistos e demonstra de forma crua a natureza do homem. Como a maioria dos personagens de Shakespeare, ele é um retrato de pessoas comuns passíveis dos mais variados sentimentos. Outro personagem importante do livro é Pórcia, diferente daquela mulher do século XVI que era submissa e reprimida, ela demonstra ser a real heroína do livro, já que resolve os problemas e age com astúcia. Mesmo não sendo uma mulher típica de sua época, ela ainda representa um quê de submissão, pois ela possui uma obrigação de não se casar com qualquer partido, só com aquele que seguir os métodos empregados por seu pai para conquistar a sua mão. Não sei se o autor chegou a considerar esse fato, contudo, não deixa de ser uma representação da época. A obra é repleta de obrigações jurídicas, e contém relatos que com certeza não aconteceriam nos dias de hoje e possivelmente nem naquela época, já que os mercadores em Veneza no século XVI eram organizados e não assinavam contratos sem ter uma garantia financeira. Dos livros desse autor que eu já li, acredito que Sonho de uma Noite de Verão foi o que me encantou mais, talvez por eu gostar muito de mitologia em geral e também por ter um ar psicodélico, em que a história se passa em um lugar onde tudo pode acontecer e onde certezas não existem. E é nesse universo que parece tão real pelas semelhanças com as atitudes humanas como mágico pelo desenrolar das histórias que se monta e se caracteriza a obra de Shakespeare, em uma atrapalhada comédia cheia de dramas, conflitos e eternos amores.


-
Foto do filme O Mercador de Veneza (2004)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Richard Hawley


Passei as duas últimas semanas pensando em como escrever sobre Richard Hawley, na verdade com essa minha louca rotina, acaba faltando tempo para apreciar certas belezas da vida.
Estava assistindo o Coluna MTV há um tempo e de repente toca uma música que me encanta, não só pela sublime letra, mas também pela intensidade e profundidade como ela era cantada.
Era ele, com uma voz estilo Frank Sinatra, mas sem glamour, profunda e vibrante diferente de qualquer tipo musical. Foi com For Your Lover Give Some Time que eu me apaixonei.
A música pertence ao álbum Truelove's Gutter, Sarjeta do amor verdadeiro, nome dado em referência a uma antiga rua em sua cidade Sheffield. É um disco um tanto melancólico e sutil, contudo, acho que definição não existe para ele, depende de como as músicas interagem com seu próprio inconsciente. Eu achei um tanto apaixonado e solitário, principalmente com For Your Lover Give Some Time, Soldier On e Don't You Cry.
Soldier On são quase 7 minutos e Don't You Cry são mais de 10, não é nem um pouco aquele tipo de música cansativa e eterna, pelo contrário, é interessante ver como simples sons introduzidos no começo da música fazem ela crescer, a exemplo do barulho de relógio em Don't You Cry. Já em As The Dawn Breaks, a primeira música do CD, tem início com um som distante, em que é preciso prestar atenção para escutar de verdade.
Ashes On The Fite e Remorse Code possuem uma batida diferente das outras músicas do disco, sem a profundidade obscura de antes, elas mostram um outro lado do mesmo CD.
Quando escutamos Open Up Your Door fazemos aquela velha reflexão sobre o amor, e penso que é como está escrito na música:

"Open up your door

I can't see your face no more

Love is so hard to find

And even harder to define

Ooh open up your door

Cause we've time to give

And I'm feeling it so much more
"

Richard Hawley traz um pouco de volta aquela vanguarda romântica e única nesse CD, saindo dos padrões do rock britânico e dando origem a um estilo próprio, por mais que ele tenha sido influenciado por Johnny Cash e Roy Orbison, sua música hoje tem características que o diferenciam desses artistas. É possível ver como foi a construção desse músico singular no decorrer de seus discos, "Late Night Final" seu primeiro álbum se distancia da sonoridade dos projetos seguintes como "Lowedges" e "Coles Corner", sendo este último elogiadíssimo e incluido pela crítica no livro 1001 Discos para ouvir antes de morrer . Eu o escutei e realmente é muito bom, fazendo referência as músicas Coles Corner e The Ocean, tem uma melodia bem diferente do Tuelove's Gutter. Mas penso que o Truelove's Gutter chega a ser sua obra prima, mesmo seu CD anterior tendo sido elogiado também "Lady's Bridge" não se compara a esse último trabalho. Embora sua carreira solo seja recente, a partir de 2001, atualmente ele está consolidado no cenário musical europeu. Sendo bem desconhecido no Brasil, talvez por ser um som nada popular, ele começa a ganhar espaço de forma discreta, encontrei uma matéria muito boa na Revista Wave, no entanto, a maioria das informações sobre ele estão em sites estrangeiros.

Site Oficial

Truelove's Gutter download

— Meu amor, até breve



Sinto seu cheiro
Sua falta
Olho ao redor
E sinto que você não está mais aqui
Falta Você
Mas terei que aprender a viver
Sem seus sorrisos e abraços
Sem seus beijos e enlaços
Sem seu amor perto de mim
O que dói
É o não poder te ter
Todo dia, toda hora
Como um amante sem fim
Mas a vida nos ensina
Que o tempo passa
E cura as feridas
Que agora existem em mim

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Porta-Retratos


Porta-Retratos espalhados
Pela sala, mesa e quarto.
Feitos de olhares gravados,
Sorrisos congelados
E Saudade em pedaços.






- Saudade: dor que oprime e abafa. Vê a vida como uma estrada de infinita demora...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A felicidade está em um outdoor



Qual a relação entre uma mulher pedinte dentro de um ônibus e um outdoor do outro lado da rua?
Uma conta a sua história sofrida, em que existe um câncer, três filhas e o abandono pelo marido. A outra é a propaganda de um shopping com a seguinte frase: "Venha para o Plaza, aqui sua felicidade pode ser completa". Momentaneamente surge aquele pensamento clichê: dinheiro traz felicidade?
Se aquela mulher do ônibus fosse perguntada a respeito disso, talvez ela respondesse "Sim, com certeza", tendo em vista a sua situação, o dinheiro possivelmente resolveria ou, pelo menos, amenizaria seus problemas. Contudo, não é a ânsia pelo dinheiro que faz com que pessoas estejam na miséria? O atual sistema não traz como consequência a elevada desigualdade social?
Sendo assim, o dinheiro dentro de um mesmo caso é a causa e a solução do problema. É perceptível, dessa forma, o quão estamos presos nessa complexa estrutura financeira. Esta, é uma sugadora, que ao mesmo tempo que retira, demonstra onde você pode encontrar abastecimento: no shopping.
É lá que a verdadeira felicidade reside, onde não há contas para pagar, obrigações para cumprir e miséria ao redor. Schopenhauer ia ahar um tanto intrigante a existência de um lugar assim, ele perguntaria se isso realmente existe na Terra. No planeta em que 1 bilhão de pessoas passam fome, a solução, a felicidade, encontra-se ali pertinho, dobrando a esquina, no shopping. Já que lá é algo surreal, de tanta felicidade, deveriam distribuir comida de graça na praça de alimentação, e nas lojas as roupas e os calçados poderiam ser dados aos mais necessitados. Quem sabe, assim, o outdoor se tornaria verdadeiro, sem ser uma mentira ilusiva. Quem sabe, desse modo, a mulher deixaria de ser pedinte, e eu perderia a vergonha por existir nesse mundo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Novo



O que começa hoje?

Mais um dia, mais uma espera?

Tudo de novo, nada de novo?


Vamos mudar

Sem rotinas, expressões parecidas

E piadas conhecidas


Rumo ao novo

Casa aberta,

Porta aberta


Minha vida sem esperar seu retorno

Eu na sala

Janelas abertas, ventos de esperança


Invadem meu corpo

Me contorço e desdobro

Mudo, não sou eu, sou algo novo





- Fotografia Salvador Dalí
No começo do século XX Dalí participou de alguns projetos da área cinematográfica como no filme de Luis Buñuel "Un chien andalou". Foi uma obra surrealista que lhe rendeu no futuro algumas parcerias com Alfred Hitchcock e Walt Disney. A foto pertence ao filme citado inicialmente.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sem Você




Sento e escrevo
Remonto toda trajetória
Os traços e espaços
Tudo o que já foi feito
Penso que Você
Não está aqui hoje
Nesse papel riscado
Só existe nas letras no passado
Somente existe em mim
Nada de pensar mais
No que foi feito
Quero que seja refeito
Eu e Você
Mas nada volta no tempo
E eu termino sem Você
Enquanto Você permanece em mim

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mais que o buraco de uma fechadura, quero uma nova visão, uma nova postura



Eu quero escancarar a porta dessa vida

Escancarar mesmo

E dizer sem palavras repetidas

Que o som é este

E a Voz é esta

Talvez daqui dez anos eles não existam mais

Eu e você, nossos idealismos.

Unidos hoje, distantes amanhã talvez.

Não quero que se passem os anos...

Chegue à espera

Vamos dar um salto.

E Lá nós continuaremos debatendo, sonhando,

Traçando.

Nossa história gravada, riscada

E amanhã cicatrizada na humanidade.

Eu e você, amanhã talvez não só dois

Mas mais, muito mais.

Abrindo a porta desse mundo apagado

E Gritando em alto e bom som

De como estamos cansados

Dessa Odisséia social sem limites e escrúpulos

Tudo falso, estranho e sujo.

Nos jornais e revistas futuros poderemos não estar

Mas mesmo assim não deixaremos nossa voz abafar

Gerações futuras caminharão em nosso passado

E dirão: Estamos aqui e vamos ser a revolução deste Estado.



- Poema escrito durante uma discussão político, filosófica e psicológica no msn.

(é o msn tem de certa forma uma utilidade)

É referente a indagações feitas por mim e pelo meu amigo Marcos Siqueira a respeito de como a sociedade tem se comportado em relação as informações que chegam a ela, e como o sistema incide em cima delas. Na verdade, uma crítica a falta de senso crítico social.

Faz mais de 3 meses que eu escrevi, Marcos acabou dando o título engraçado-filosófico, e hoje ocasionalmente lembrei do poema.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Eu, Você e uma xícara de chá


Escrevo sobre Você
Sobre os dias, as horas
Sobre o meu dia
Que sem demora
Acaba de começar
Você, Eu e uma xícara de chá
Olhando para o sol
Que acaba de acordar
Fantasias e histórias
São faladas
Enquanto o chá
Não começa a esfriar
E esse sol que faz o dia brilhar
Aqui dentro aquece
Os corpos juntos
Que contemplam inertes
Mais um amanhecer
Que não vai terminar


- para rimar...

Pintura: Salvador Dalí

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Marlon Brando, Pocahontas and Me


Ando escutando mil bandas, mas uma que eu dou muito valor é Neil Young.
Eu estava na Livraria Cultura esse final de semana passado e de repente olho para o lado e está meu pai com um dvd de Neil Young perguntando o preço ao vendedor, aí ele diz: R$20,00.
Na hora eu fiquei sem acreditar, só disse vamos levar com certeza!

Aí fiquei comentando depois será que Neil Young está tão mal assim para estar R$20,00 ou é por que ninguém conhece e aí
acontece aquela história de oferta e procura e acaba ficando barato.
Cheguei em casa e fui direto assistir, o dvd é duplo e em formato de filme o diretor é Jonatham Demme.
É simplesmente incrível, eu adorei!
O cd que ele está lançando no dvd é o "Prairie Wind" (2005), foi uma obra feita logo após uma perigosa cirurgia em sua cabeça.
Da grande discografia que Neil Young possui esse cd está entre os melhores na minha opinião o arranjo musical dele é muito bom, no dvd é possível ver isso.
Fazia algum tempo que eu não assistia algo tão bom na área musical, se encaixando em uma categoria superior está o dvd "Con
cert for George", uma homenagem póstuma feita por diversos músicos a George Harrison dos Beatles. Outro dvd muito bom é o "Crossroads"(2007) festival de blues feito por Eric Clapton, que recebe inúmeros músicos como: B.B. King, Willie Nelson, John Mayer, Jeff Beck, Buddy Guy, etc. De todos esses músicos a maioria já conhecido por mim, eu gostei mesmo da apresentação de Robert Randolph and The Family Band, que eu não conhecia, Robert toca uma pedal steel guitar (lap steel) e canta ao mesmo tempo, é realmente muito bom. O título do post é um trecho da minha música preferida de Neil Young que se chama Pocahontas, ela está no cd "Unplugged"(1993), sendo este maravilhoso, contém vários clássicos do cantor e foi feito em versão acústica pela MTV e gravado por esta em VHS. Na época Young teve alguns problemas com o pessoal da banda durante a gravação do cd, no geral a obra ficou muito boa, mas é visível a diferença quando se assiste o dvd Heart of Gold, pois é altamente nítida a sintonia entre a banda.


Download CD
( detalhe para "No Wonder" e "Falling off the face of Earth")

Download CD Unplugged

Mais informações sobre Neil Young

Video de Robert Randolph and The Family Band

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sarney K.

Ando meio sem inspiração para escrever, mas depois que fiquei sabendo o que Sarney disse resolvi postar.
Com certeza na minha visão foi um dos comentários mais hilários até agora nesse ano, claro que os de Lula estão em uma categoria superior a hilário.
"É um processo Kafkiano este" foi o seu comentário a respeito do processo existente contra ele.
Para quem não conhece o livro " O Processo" de Franz Kafka, vou resumi-lo em breves linhas, é a história de um homem chamado Josef K. que recebe um processo e não sabe o real motivo da acusação existente contra ele. E o livro inteiro é um conflito, pois ele tenta resolver o processo sem saber como fazer e a quem recorrer.
Sarney, então, se sente um pouco Josef K. já que está sendo acusado de coisas que ele desconhece.
Mas, tendo ele vestido o personagem, ele deve concordar que mesmo "sem saber" as acusações do processo, ele tenta de todas as formas ir contra isso e ganhar. Josef K. no livro não passa de um personagem arrogante que acha que porque possui um bom cargo não deveria ser pertubado pela justiça e nem por um processo insignificante.
Coincidência?
Acho que Sarney sem querer acabou se encaixando perfeitamente em um personagem literário, se Kafka ainda fosse vivo e soubesse dessa pérola com certeza iria rir e achar que ele não entendeu o livro, ou pelo contrário, entendeu muito bem a ironia de todo esse Processo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sem o Tempo

Eu e o tempo nos separamos

Ele saiu de casa

E eu o chamei de volta, mas ele se foi

Deixei a porta aberta

Com a esperança

Do seu retorno

Mas nada voltou


Fiquei só

Sem entender o sentido da minha vida

Procurei por respostas, o porquê de sua ida

Mas nada encontrei

A vida seguiu, contudo,

Já não haviam datas para contar

Nem tempo para se medir.

Os dias as horas todos se foram

Só eu fiquei


A porta não se movia

O vento já não soprava

Meus cabelos não envelheciam

Presa na matéria, sem tempo,

Sem morte

Só a espera

De que ele volte
Com olhos profundos e sorriso desconfiado

Fechando a porta da nossa casa

Voltando a dar sentido nessa minha existência, terrena.

Para que um dia a vida termine

E eu me despeça

Deixando a porta aberta

Enquanto ouço ele dizer:

― Volta

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Monólogos humanos

Qual a necessidade de falar?


Com certeza, a primeira resposta a essa pergunta seria se expressar ou se comunicar. A fala, historicamente, possui uma grande relevância, já que sempre foi um dos modos mais eficazes de comunicação. Diferentemente da escrita, a fala reproduz e cobra uma reação imediata do ouvinte, de modo que agiliza a interação entre as pessoas. Na Antiguidade, os participantes do diálogo possuíam uma liberdade maior para refletir antes de declarar sua resposta. Hoje, a escrita até certo ponto permite que os leitores reflitam a respeito do conteúdo lido.


Contudo, tanto a fala quanto a escrita não deixam mais espaço para reflexão, atualmente, pois cobram resposta imediata seja na forma de opinião ou interpretação. E o resultado disso se apresenta nos diálogos vagos e nos textos argumentativos sem conteúdo. Muitas palavras são usadas para expressar o mínimo. O Homem vem abusando das palavras para expressar seus conflitos internos e sua insaciável ansiedade. O ser humano anda vivendo uma intensa carência de ser ouvido, ele não se preocupa mais em refletir internamente, é sempre presente a necessidade de saber a opinião de terceiros.


O Homem senhor da razão e conhecedor de si mesmo, cedeu espaço nesse século XXI para o surgimento do Novo Homem, dominador de grandes tecnologias, ansioso e carente por alguém que o escute. A estrutura emocional humana vem se desfazendo aos poucos, dando o lugar central aos problemas fúteis. A conversa no bar mudou, não é mais sobre a liberdade, os pensamentos inovadores e a posição do homem no mundo. Tudo virou reclamação: trabalho, faculdade, casa, dinheiro, relacionamentos, vida, etc.


Onde está o amor em viver, e não simplesmente enxergar o problema do amanhã, sendo este ainda inexistente. Onde estão os diálogos? Tudo virou monólogo dentro de uma mesma conversação.


Onde está o silêncio? Atormentado pela ansiedade de falar o que ainda não foi pensado, só para ter alguém para escutar.


Onde está o pensamento?

sábado, 13 de junho de 2009

Enamorados Shakespereanos

Verona, século XVI.


Dois jovens apaixonados marcam um encontro no dia de São Valentim.


- Ó minha amada! Versos e poemas para ti são feitos a todo instante.

Diz-me o que pensa deles, Aurora da minha existência inebriante.


- Amado meu! O que posso dizer, não estou à altura desses versos extasiantes.

Só digo, que tu que és meu amado infante.


- Luz celestial que ilumina meu ser! Fujas comigo, sejas minha eterna amante.

Não permitamos que esse muro nos deixe distante.


- Vou contigo se me prometeres ser de hoje em diante meu fiel amante.


- Minha vida é tua, Amor dos mais vibrantes. Vamos, então, rumo à vida que nos espera, fazer do nosso amor triunfante.


- Vamos, que o tempo não espera, mas antes tem um condicionante.


- Fale minha amada amante!


- Só vou se de agora em diante deixarmos de lado essas rimas melosas e grudantes.


...


- Ufa! Achei que ia ter que procurar um dicionário, já estou enjoado dessas coisas irritantes.


- Cala boca e anda logo. Temos que fugir antes que meu pai nos pegue em flagrante.

sábado, 6 de junho de 2009

Família M&M'S



Mãe

O que posso dizer neste momento?

Nasci, cresci e agora estou aqui

Contando nossa história ao vento


Quantas frases caladas

Gritos ecoados e saudade abafada?

Quantas vezes tentei mentir

E depois comecei a rir

Quando você disse: Maria Cecília!


E as nossas conversas “análises”?

Você psicóloga tentando me entender

E eu uma pseudo querendo nos compreender


Ah, nossos cafés filosóficos!

Você com café e eu com chá

Especulando sobre o mundo

Sobre nós, sobre nossos sonhos...


Que louca é nossa relação

Mãe-filha, filha-mãe

Sem convenções ou repressões


Você me olha e sorri

Eu retribuo desconfiada

Você faz drama

Eu reclamo

Quanto é você que reclama

Eu me peço paciência...


Escrevo, desenho

Só falto fazer música

Para você

Mas nem o infinito

Seria suficiente para demonstrar

Tudo o que eu sinto.


Amor

Na mais pura essência

Somente Amor


sábado, 23 de maio de 2009

Entre o tempo


Traços escassos que correm no tempo

São apenas um retrato do passado momento


Dar vida ao interior

Ao que vem de dentro

Fazer falar a voz interna

E jogá-la ao vento


Sento e escrevo

Repasso as folhas e os instantes

Mais um dia , mais uma palavra

E assim eu tento


Escrever

A peça imperfeita

Da minha história sem tempo


Sem relógios, sem ponteiros

Só o espaço

Que sobra nessa incansável eternidade

Entre a palavra e o pensamento



terça-feira, 7 de abril de 2009

O Amor de Maiakovski



"Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra".



Vladimir Maiakovski

- Com certeza um dos meus poetas preferidos, não só pela obra, mas também pela intensidade existente em cada palavra.


terça-feira, 17 de março de 2009

Sem condições


Recebi um email hoje de manhã sobre a Índia, e nele haviam frases de Gandhi e Madre Teresa de Calcutá. A frase que mais me chamou atenção foi esta "Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação".

Acho que eu nunca havia pensado dessa form
a, é tão fácil classificar as pessoas em relação se podem ou não serem amadas por nós, que elas são encaixadas dentro dos nossos próprios esteriótipos. Surgindo assim, um amor pseudocapaz, já que ama dentro de limites e condições.E talvez nem seja amor, pode ser um mix de sentimentos confusos. Não sei muita coisa sobre amor e sentimentos afins quando esse se refere a relacionamentos amorosos, até porque tenho o grande defeito de ficar fugindo disso,mas me parece errado tentar encaixar as pessoas dentro do que seria possível pra você. Amar pela beleza, parece ser fútil, amar por admiração é fazer com que a pessoa seja colocada em um pedestal longe dos defeitos, só que um dia ela te decepciona e aí a queda vai ser feia.

Acredito que tanto Gandhi como Madre Teresa passaram por esse mundo e tentaram nos mostrar que o amor simplesmente não tem condições. Amar sem motivo, sem explicação, fazer com que ele desabroche da sua repressão interna é uma tarefa difícil,mas com certeza não é impossível.


Quadro: Os amantes - Magritte

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Um carnaval diferente


Este ano resolvi ter um carnaval diferente. Não aluguei mil filmes e nem fiquei dormindo o dia inteiro, simplesmente resolvi aproveitar.Ninguém me levou a sério quando disse que ia pra Olinda, mas acabei indo e foi muito bom. O carnaval sempre foi uma festividade “nada a ver” comigo, não só por ser sinônimo de aperto, multidão e calor, mas também por todo um contexto de descontração geral. Contudo, acabei me surpreendendo. Valeu com certeza o calor, a chuva e a paciência para levar tudo na brincadeira.Acredito que por trás de toda essa festividade existe uma tradicional cultura repleta de significados, como é o carnaval de Olinda e Recife.De pessoas vestidas de caboclinhos a cotonetes, tem espaço para tudo. Já estou pensando na fantasia do ano que vem, e montando estratégias para no show de Nação Zumbi não ser amassada.Entretanto, mesmo nessa correria entre Recife Antigo e Olinda, deu tempo para começar a ler o livro A menina que roubava livros, assistir alguns seriados, escutar muita música e estudar para duas apresentações de trabalhos. E olha que hoje ainda é segunda.Então, para quem não conhece o carnaval daqui procure se informar para no ano que vem estar por aqui também.E sinceramente é muito mais alegre que esses carnavais de escola de samba.



Foto: Alexandro Auler

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lavorare stanca


- Depois de tentativas infinitas de postar um vídeo aqui eu acabei por desistir "temporariamente" dessa idéia.Sendo assim, coloquei o texto de um poema de Cesare Pavese.
O link do vídeo está embaixo.


"Atravessar uma rua fugindo de casa só um menino o faria, mas este homem que passa todo o dia nas ruas não é mais menino e não foge de casa. Em pleno verão, até as praças se tornam vazias de tarde, deitadas sob o sol que começa a cair, e este homem que chega por um parque de plantas inúteis detém-se. Vale a pena ser só para estar cada vez mais sozinho? Simplesmente vagar, pois as praças e ruas estão ermas. Forçoso é abordar uma mulher e falar-lhe e fazê-la viver com você. Do contrário, se fala sozinho. É por isso que às vezes algum bêbado à noite dispara discursos e repassa os projetos de toda sua vida. Certamente não é esperando na praça deserta que se encontram pessoas, mas quem anda nas ruas se detém vez ou outra. Estivessem a dois, mesmo andando na rua, sua casa estaria onde está a mulher. Valeria a pena. Mas de noite essa praça retorna ao vazio e este homem que passa não vê as fachadas entre luzes inúteis nem ergue seus olhos: sente só o ladrilho que outros homens fizeram com mãos secas e duras, assim como as suas. Não é justo deixar-se na praça deserta. Com certeza há de andar pela rua a mulher que, chamada, viria ajudar com a casa."



http://www.youtube.com/watch?v=u-Dd3Ud0Zwo



Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...