terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Shakespeare


É um tanto clichê falar sobre Shakespeare, mas é um tanto absurdo não fazer parte da lista de leitores desse dramaturgo. De origem já conhecida pela maioria, e questionada por alguns, o escritor inglês foi e continua sendo um dos autores com livros mais interpretados do mundo. Não só pelo aspecto fácil de compreensão de suas obras, mas também por trás dessa "facilidade" existir um significado muito maior, que talvez não seja alcançado pela boa parte dos leitores. A pronfundidade do real significado de sua obra vai além de uma simples comédia ou drama, envolve conceitos e valores não só da época como também inerentes de cada ser humano. Após ter terminado de ler O Mercador de Veneza fiz uma breve reflexão sobre até que ponto um homem pode ser envolvido pelo dinheiro e querer uma vingança. Shylock, personagem do livro, retrata como os judeus na Inglaterra daquela época eram vistos e demonstra de forma crua a natureza do homem. Como a maioria dos personagens de Shakespeare, ele é um retrato de pessoas comuns passíveis dos mais variados sentimentos. Outro personagem importante do livro é Pórcia, diferente daquela mulher do século XVI que era submissa e reprimida, ela demonstra ser a real heroína do livro, já que resolve os problemas e age com astúcia. Mesmo não sendo uma mulher típica de sua época, ela ainda representa um quê de submissão, pois ela possui uma obrigação de não se casar com qualquer partido, só com aquele que seguir os métodos empregados por seu pai para conquistar a sua mão. Não sei se o autor chegou a considerar esse fato, contudo, não deixa de ser uma representação da época. A obra é repleta de obrigações jurídicas, e contém relatos que com certeza não aconteceriam nos dias de hoje e possivelmente nem naquela época, já que os mercadores em Veneza no século XVI eram organizados e não assinavam contratos sem ter uma garantia financeira. Dos livros desse autor que eu já li, acredito que Sonho de uma Noite de Verão foi o que me encantou mais, talvez por eu gostar muito de mitologia em geral e também por ter um ar psicodélico, em que a história se passa em um lugar onde tudo pode acontecer e onde certezas não existem. E é nesse universo que parece tão real pelas semelhanças com as atitudes humanas como mágico pelo desenrolar das histórias que se monta e se caracteriza a obra de Shakespeare, em uma atrapalhada comédia cheia de dramas, conflitos e eternos amores.


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Foto do filme O Mercador de Veneza (2004)

Um comentário:

Renê Freire disse...

Falar, pensar Shakespeare sempre engrandece o humano, ele tinha uma visão que poucos tem... e uma forma literária de empregar certos assuntos como poucos em toda a história da Humanidade... o que seria do teatro sem Hamlet? ....e faz Psicanálise com seus personagens antes de Freud.... Li Hamlet e Otelo.......engrandeceram minha alma!!

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