Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre
a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o cheiro da lasanha, sinto por
um breve momento o sabor da felicidade. Nesses breves desenlaces da minha
infância, percebo o passado, sinto o seu sabor, o cheiro das horas e as areias
do tempo que escorrem sobre a minha mão. Me sinto distante, algo que
incompleta, sinto que parte de mim se perdeu naquele tempo. Vou para ele, para
as horas em que eu podia ser eu e, os minutos que dançavam por entre os meus
sorrisos. E de tanto voar cai no mar, na imensidão de mim mesma. E entre as
suas águas nadei, sob a suas ondas turvas mergulhei e naquele oceano azul e
profundo submergi...
No infinito silêncio daquelas águas percebi a riqueza da vida,
a riqueza da natureza e, por fim a riqueza de mim mesma.
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