segunda-feira, 15 de junho de 2009

Monólogos humanos

Qual a necessidade de falar?


Com certeza, a primeira resposta a essa pergunta seria se expressar ou se comunicar. A fala, historicamente, possui uma grande relevância, já que sempre foi um dos modos mais eficazes de comunicação. Diferentemente da escrita, a fala reproduz e cobra uma reação imediata do ouvinte, de modo que agiliza a interação entre as pessoas. Na Antiguidade, os participantes do diálogo possuíam uma liberdade maior para refletir antes de declarar sua resposta. Hoje, a escrita até certo ponto permite que os leitores reflitam a respeito do conteúdo lido.


Contudo, tanto a fala quanto a escrita não deixam mais espaço para reflexão, atualmente, pois cobram resposta imediata seja na forma de opinião ou interpretação. E o resultado disso se apresenta nos diálogos vagos e nos textos argumentativos sem conteúdo. Muitas palavras são usadas para expressar o mínimo. O Homem vem abusando das palavras para expressar seus conflitos internos e sua insaciável ansiedade. O ser humano anda vivendo uma intensa carência de ser ouvido, ele não se preocupa mais em refletir internamente, é sempre presente a necessidade de saber a opinião de terceiros.


O Homem senhor da razão e conhecedor de si mesmo, cedeu espaço nesse século XXI para o surgimento do Novo Homem, dominador de grandes tecnologias, ansioso e carente por alguém que o escute. A estrutura emocional humana vem se desfazendo aos poucos, dando o lugar central aos problemas fúteis. A conversa no bar mudou, não é mais sobre a liberdade, os pensamentos inovadores e a posição do homem no mundo. Tudo virou reclamação: trabalho, faculdade, casa, dinheiro, relacionamentos, vida, etc.


Onde está o amor em viver, e não simplesmente enxergar o problema do amanhã, sendo este ainda inexistente. Onde estão os diálogos? Tudo virou monólogo dentro de uma mesma conversação.


Onde está o silêncio? Atormentado pela ansiedade de falar o que ainda não foi pensado, só para ter alguém para escutar.


Onde está o pensamento?

sábado, 13 de junho de 2009

Enamorados Shakespereanos

Verona, século XVI.


Dois jovens apaixonados marcam um encontro no dia de São Valentim.


- Ó minha amada! Versos e poemas para ti são feitos a todo instante.

Diz-me o que pensa deles, Aurora da minha existência inebriante.


- Amado meu! O que posso dizer, não estou à altura desses versos extasiantes.

Só digo, que tu que és meu amado infante.


- Luz celestial que ilumina meu ser! Fujas comigo, sejas minha eterna amante.

Não permitamos que esse muro nos deixe distante.


- Vou contigo se me prometeres ser de hoje em diante meu fiel amante.


- Minha vida é tua, Amor dos mais vibrantes. Vamos, então, rumo à vida que nos espera, fazer do nosso amor triunfante.


- Vamos, que o tempo não espera, mas antes tem um condicionante.


- Fale minha amada amante!


- Só vou se de agora em diante deixarmos de lado essas rimas melosas e grudantes.


...


- Ufa! Achei que ia ter que procurar um dicionário, já estou enjoado dessas coisas irritantes.


- Cala boca e anda logo. Temos que fugir antes que meu pai nos pegue em flagrante.

sábado, 6 de junho de 2009

Família M&M'S



Mãe

O que posso dizer neste momento?

Nasci, cresci e agora estou aqui

Contando nossa história ao vento


Quantas frases caladas

Gritos ecoados e saudade abafada?

Quantas vezes tentei mentir

E depois comecei a rir

Quando você disse: Maria Cecília!


E as nossas conversas “análises”?

Você psicóloga tentando me entender

E eu uma pseudo querendo nos compreender


Ah, nossos cafés filosóficos!

Você com café e eu com chá

Especulando sobre o mundo

Sobre nós, sobre nossos sonhos...


Que louca é nossa relação

Mãe-filha, filha-mãe

Sem convenções ou repressões


Você me olha e sorri

Eu retribuo desconfiada

Você faz drama

Eu reclamo

Quanto é você que reclama

Eu me peço paciência...


Escrevo, desenho

Só falto fazer música

Para você

Mas nem o infinito

Seria suficiente para demonstrar

Tudo o que eu sinto.


Amor

Na mais pura essência

Somente Amor


Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...