Qual a necessidade de falar?
Com certeza, a primeira resposta a essa pergunta seria se expressar ou se comunicar. A fala, historicamente, possui uma grande relevância, já que sempre foi um dos modos mais eficazes de comunicação. Diferentemente da escrita, a fala reproduz e cobra uma reação imediata do ouvinte, de modo que agiliza a interação entre as pessoas. Na Antiguidade, os participantes do diálogo possuíam uma liberdade maior para refletir antes de declarar sua resposta. Hoje, a escrita até certo ponto permite que os leitores reflitam a respeito do conteúdo lido.
Contudo, tanto a fala quanto a escrita não deixam mais espaço para reflexão, atualmente, pois cobram resposta imediata seja na forma de opinião ou interpretação. E o resultado disso se apresenta nos diálogos vagos e nos textos argumentativos sem conteúdo. Muitas palavras são usadas para expressar o mínimo. O Homem vem abusando das palavras para expressar seus conflitos internos e sua insaciável ansiedade. O ser humano anda vivendo uma intensa carência de ser ouvido, ele não se preocupa mais em refletir internamente, é sempre presente a necessidade de saber a opinião de terceiros.
O Homem senhor da razão e conhecedor de si mesmo, cedeu espaço nesse século XXI para o surgimento do Novo Homem, dominador de grandes tecnologias, ansioso e carente por alguém que o escute. A estrutura emocional humana vem se desfazendo aos poucos, dando o lugar central aos problemas fúteis. A conversa no bar mudou, não é mais sobre a liberdade, os pensamentos inovadores e a posição do homem no mundo. Tudo virou reclamação: trabalho, faculdade, casa, dinheiro, relacionamentos, vida, etc.
Onde está o amor em viver, e não simplesmente enxergar o problema do amanhã, sendo este ainda inexistente. Onde estão os diálogos? Tudo virou monólogo dentro de uma mesma conversação.
Onde está o silêncio? Atormentado pela ansiedade de falar o que ainda não foi pensado, só para ter alguém para escutar.
Onde está o pensamento?