quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sem o Tempo

Eu e o tempo nos separamos

Ele saiu de casa

E eu o chamei de volta, mas ele se foi

Deixei a porta aberta

Com a esperança

Do seu retorno

Mas nada voltou


Fiquei só

Sem entender o sentido da minha vida

Procurei por respostas, o porquê de sua ida

Mas nada encontrei

A vida seguiu, contudo,

Já não haviam datas para contar

Nem tempo para se medir.

Os dias as horas todos se foram

Só eu fiquei


A porta não se movia

O vento já não soprava

Meus cabelos não envelheciam

Presa na matéria, sem tempo,

Sem morte

Só a espera

De que ele volte
Com olhos profundos e sorriso desconfiado

Fechando a porta da nossa casa

Voltando a dar sentido nessa minha existência, terrena.

Para que um dia a vida termine

E eu me despeça

Deixando a porta aberta

Enquanto ouço ele dizer:

― Volta

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...