sábado, 6 de outubro de 2007

O tempo de aceitar


O passado age de uma forma misteriosa e marcante em nossas vidas. Nos faz lembrar cada detalhe de uma época remota em que não éramos os de hoje. Todas as lembranças antigas nos fazem ter medo e insegurança do Amanhã. Não nos sentimos preparados completamente para enfrentar o futuro dia, estamos presos em nossas próprias reminiscências. Estamos presos a algo morto. O Hoje é a morte do Amanhã. Devemos olhar para trás de uma maneira realista e não amargurada ou saudosa. O que somos agora é o reflexo do ontem. E o que seremos amanhã vai depender de como relacionarmos estas três etapas eternas: o ontem, o hoje e o amanhã. Para usufruirmos bem de nossas experiências passadas, temos que aceitar. Não digo esquecer e sim aceitar. A aceitação é o caminho para a evolução. O passado tem que ser aceito para que assim os sofrimentos, saudosismos e lembranças ganhem um novo aspecto.
Dessa forma, o sofrimento se transformará em aprendizado; o saudosismo, em força; e as lembranças, em efemeridade. Quando tudo já tiver sido aceito, o que é muito difícil mas não impossível, temos que viver o Hoje. Ele é mais fácil que o ontem, mas mesmo assim vem carregado de certos problemas. Viver no hoje é sentir, é enxergar. Os olhos aos poucos se abrem e os sentidos viram realmente sentidos e não mais aspirações. Com o despertar, as milhares de máscaras que você enxergava caem aos seus pés. É a realidade. É o viver no Hoje. Nada de desejos ou frustrações. Apenas a realidade que se desnuda a cada piscar de olhos.
E o passado já não importa mais, pois são várias novas informações para se processar no determinado instante. O tempo passa. Você ainda está no Hoje: não conseguiu se acostumar. Não se preocupe isso demorará. É necessário passar por diversas decepções com a realidade para que se possa conviver com ela, e assim ir para o Futuro.
O mais fácil é o Amanhã. Simples, pois dele você nada lembrará e nem enxergará já que ele não existe. Tantos sonhos e planos, quantas coisas o Ser Humano monta para o amanhã. E a única coisa que ele te dá é a esperança. É o que te impulsiona para a frente. É a força e a luta. É o sentido para viver. Devemos procurar a cada instante um sentido, pois no momento em que ele é alcançado, deixa de existir. Só com consciência tudo isso se realizará, pois quem constrói nossos caminhos e cria nossos sentidos é o nosso Eu. E somente com isso viveremos e não apenas passaremos por essa existência.

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...