sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Mísera prova de uma Nação

Neste último domingo, dia 26, foi realizado no Brasil o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, que tem por objetivo medir os conhecimentos gerais dos alunos e contribuir para o aumento de suas notas nas provas das instituições de ensino superior.
Enfim, exame que prova como o país ainda possui uma educação deficitária.
Essa prova foi considerada a mais fácil de todos os anos. Após saber deste acontecimento fiquei feliz e ao mesmo tempo preocupada.
Feliz por ter feito uma prova fácil no ano em que faço vestibular e preocupada por ter sido tão fácil. O que está acontecendo com este País?
A saúde resolveu se rebelar agora depois de anos sem receber bons salários e trabalhando em condições drásticas. Depois de dois anos o julgamento do “mensalão” começa (francamente sabemos que isso não vai dar em nada). O caos aéreo continua...
Surge o movimento Cansei de caráter ainda indefinido, é a burguesia que começa a mostrar a face. Finalmente a educação demonstra que está pior do que antes.
Segundo o PISA, prova que avalia o conhecimento dos estudantes de diversos países, os brasileiros tiveram um resultado horrível, pois dos 41 países que concorreram o Brasil ficou em 37º lugar. Tudo isso comprova que vão ser precisos esforços infindáveis para mudar essa cruel realidade.
O País é um dos piores em matemática no mundo inteiro, considerando os países subdesenvolvidos industrializados e os desenvolvidos. Esse fato foi comprovado com essa última avaliação do ENEM, já que as questões de matemática praticamente não existiram. O governo e o ministério da educação pelo visto estão tentando ocultar o déficit da educação. Foram 63 questões, as de matemática corresponderam 12% da prova, ou seja, 8 questões. Não pensem que esse número é significativo em vista das outras tantas matérias que existem. Todas as oito questões precisavam apenas saber somar, subtrair, multiplicar e dividir. Um aluno que faz essa prova tem em média no mínimo 16 anos, ou seja, está no segundo ano. No ensino médio a pessoa deveria saber muito mais do que simples operações, mas mesmo assim a escola pública não consegue ensinar ao menos o básico. A culpa não é da escola, não é do governo (em partes), não é exclusivamente minha e nem sua. A culpa é da sociedade. A culpa é dessa desigualdade e desse egoísmo. Somos um país uno. Mas frequentemente esquecemos disso.

Onde estão os governantes preocupados em realmente mudar a educação?
Onde está a população? Não a vejo nas ruas...
Onde eu estou?

Será que estou nessa minha mísera e mesquinha felicidade por ter feito uma prova maravilhosa já que ela foi fácil?
Onde estão meus princípios e meus ideais?
Deparo-me com a própria alienação que um vestibular causa. A necessidade de ganhar alguns décimos me deixou por alguns segundos egoísta.
Fico sem palavras...

Mas no meu âmago ressurge minha força de ser contra tudo isso.
Contra essa desprezível ignorância.
Não ficarei mais feliz com uma simples prova, pois enquanto sorrio a pobreza assola lá fora. Enquanto penso em minha nota, milhares de estudantes se preocupam em como vão passar no vestibular estudando em escolas públicas. Infelizmente o Brasil não é o mesmo do passado.
Esqueci a felicidade.

Lembrei da desigualdade que continua prevalecendo em um simples teste. Que tristeza e que mazela contém a sociedade. Não vou mais me perguntar quanto tempo isso durará, os questionamentos não devem ser feitos para mim mesma.
As perguntas precisam ser gritadas pelas ruas, para que só assim o mundo resolva digerir tudo isso que já está em mim engasgado. Almejo não escrever mais sobre isso, mas percebo quantas palavras ainda terei de citar.

Onde se encontra a educação?
Está em um ideal e um povo. Está no direito de todos.

sábado, 25 de agosto de 2007

Céu e mar




Talvez a vida seja um mar
De rosas coloridas
Que brotam a cada estação
Para alguns
Um mar de lágrimas secas
Sem cor, sem amor
E só decepção.
Outros preferem
Um mar de chocolate
Para assim nadar e desfrutar
Daquela rápida sensação
Mas eu prefiro
Um mar de céu
Que me transporta para as nuvens
Sem eu sequer
Tirar os pés do chão
Nele existem estrelas,
Girassóis, livros e músicas.
Que com o tempo se deterioram
Restando apenas
O conhecimento em minhas mãos
E sobre esse mar
Eu me transporto
Para o verdadeiro céu
O céu infinito do meu coração
Deixando para trás
As antigas feridas
Que hoje jazem no chão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Ensaios pessoais





Qual é o propósito humano?
Existir e depois desaparecer?

Ainda não encontrei respostas à altura dessas perguntas.
Ainda não me encontrei.
Eu não me vejo em fotos, televisões e paisagens. Não me encontro aqui.
Sinto minha existência atual como o vento: transparente, efêmero e vazio.
Vento esse que carrega tudo e parece não levar nada
Quase duas décadas de vida.
Quase duas décadas...
Que parecem apenas alguns dias.
Não acredito que minha vida seja completamente vazia, pelo contrário ela é muito cheia...
Mas esse conteúdo é muito transcendente para estar preso a essa matéria.
Estou pairando no ápice da consciência e acho que isso me confunde, pois tudo é o próprio porque e a própria razão.
Minhas maiores indagações são sobre eu mesma, o mundo exterior já perdeu a graça, o racionalismo tomou conta.
Estou vivendo na era das luzes...
Mas ela já acabou.
Assim como meu racionalismo um dia também acabará.
Isso me lembra Rousseau e sua brilhante forma de ver o mundo.
Talvez sua teoria explique minha tristeza...
Vivemos na sociedade Voltaireana, por isso os pobres estão sendo esquecidos.
Não existe lugar para eles nesse “capitalismo” decadente, mas existe um lugar para eles dentro de mim.
Esse é um dos meus únicos sentidos de vida.
Ajudar, Lutar e Igualar esse mundo.
E é isso que me dá alguma motivação, se não fosse por esse sentimento eu faria filosofia e viveria na transcendência das letras e idéias até o fechar dos olhos.
Mas já abdiquei dos meus prazeres há muito tempo, no momento em que me inscrevi em direito.
Minha vida não será Nietzsche e nem Sócrates, ela será algo maior, algo parecido com África.
Talvez eu queira ir morar lá porque algum propósito maior me move, ou porque eu queira morrer cedo, ou talvez porque a esperança me inunda.
Demorarei um bom tempo para descobrir tais respostas.
Tudo é uma controvérsia...
Como posso viver no realismo e ser levada pelo coração?
Já que minha vida não será Sócrates posso ao menos utilizar sua filosofia.
“Só sei que nada sei.”
E assim será...
Até o próximo segundo pelo menos.
Já os outros... Ah os outros...
Só o tempo dirá.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Brilho do infinito




No raiar do amanhecer
Velas começam a acender
E assim seguem rumo ao céu
Onde sua luz se dissipa

Confundindo-se com a esfera solar
Brilhos de velas entoam no ar
Nesse caminho de luz
Uma porta é aberta ao fundo e reluz

O que existirá atrás dela?

Corro pelo caminho iluminado
Tentando alcançá-la
Nesse ápice de luz minha cor,
Minhas formas, minha matéria, tudo se reduz.

O que sou? O que serei? Nada sei.

A aurora me guia
Junto aquela porta
Que há tanto tempo
Espera a minha volta

Abro-a, e enxergo além do mundo,
Enxergo além de tudo.
É o infinito
O Infinito do meu ser

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Rosa de Hiroshima


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada "
Vinícius de Moraes

-

62 anos se passaram, o mundo mudou e inovou.
Mesmo com toda essa mudança vemos todos os dias
várias rosas sendo planejadas.
Assistimos a vida sendo mais uma vez desperdiçada.
E o que faremos?
Que tal começarmos cultivando o amor pelo próximo
esquecendo das dores e mágoas?

Que tal plantarmos rosas?

Rosas do amor e da eternidade...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Avenida



Pára tempo
O tempo pára
Anda o carro
Anda o tempo
A vida corre
A vida voa
Sopra o vento
E tudo pára
Caminha o homem
E esquece o tempo

Trilogia da desconstrução III

Nesses traços escassos, retorno no tempo e vejo aquele retrato amarelado sobre a mesa tirado em algum lugar do passado. Sinto o che...